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foto: jgabriellabarros |
Certo dia à caminho da escola Louise olhou para o seu par de sapatos desgastados e lembrou do Kleber, seu namorado. E em sua cabeça surgiu um pensamento estranho de que namorados são como sapatos: "Você os vê, seja em um comercial de TV, ou navegando pela internet, é amor à primeira vista. A cada dia que passa, a ânsia de comprá-lo vai ficando cada vez maior, a vontade de tê-lo em seu guarda-roupas é maior do que tudo. Você passa pela vitrine da loja todo santo dia, e se imagina usando aquele sapato nas mais belas ocasiões. Vai criando a cada dia mais aquela perfeição por ele, mas quando o compra definitivamente, tudo muda. No começo, você o usa poucas vezes com medo de arranhá-los ou estragá-los.
Conforme o tempo vai passando, ele vai ficando cada vez mais desgastado, e você vai ganhando intimidade para imergi-lo em poças d'água, lamas, e todo tipo de sujeira que há. Então aquele seu sapato, que você admirava tanto, vai ficando cada vez mais no canto, vai sendo esquecido... Até que um dia, você decide parar de calçá-los de vez. Você se imagina com outros sapatos diferentes, pois não existe apenas aquele no mundo, e você o troca. Eles começam a apertar os seus pés, fazer feridas incuráveis, e você sente falta do sapato antigo. Ao sentir falta dele, você finalmente percebe que por mais novos e bonitos que os outros sapatos fossem, aquele que você o cobiçava tanto era o único que realmente te confortava e era forte o suficiente para estar do seu lado em sol e chuva. Outros sapatos até poderiam vir, mas aquele, sempre seria único."
E Louise continuou a usar os novos, mas deixou aquele velho sapato que ela tanto adorava ao lado de sua cama, para todos os dias quando acordar, lembrar dos bons momentos que viveu com ele, e de como a ajudou nos momentos difíceis. Ah, e por mais que usado e acabado que o velho sapatinho estivesse e ela gostasse tanto dele, ninguém merece usar sapatos fora da moda, não é? Mas em questão de sentimentos, a moda não passará nunca.
E o Kleber... esse não será substituído por sapatinho nenhum, enquanto ela viver.
[Não retire os créditos]