Mostrando postagens com marcador #joycebarros. Mostrar todas as postagens
Mostrando postagens com marcador #joycebarros. Mostrar todas as postagens

22 de fevereiro de 2024

dia____530, belo horizonte 2024: agradecer pelo que é

oi, eu sou joy e hoje fazem 530 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. talvez seja muito do nosso dever esperar a novidade. mas agradecer pelo que é. pelo que está. se empenhar pra trazer à tona coisas boas além, lá na frente. ontem eu comecei uma nova fase na minha vida profissional. não sei por quanto tempo vou conseguir levar porque os caminhos já foram abertos com muita indecisão e insegurança. não analisando de uma forma ruim nada disso, entretanto, eu ainda não descobri qual o sentido dessa trilha. se faz parte do que vai me levar a algo maior ou tão somente me foi imposto pela vida sem pedir licença. apesar de muito abraçada, tenho a sensação de estar perdida. de que nunca vivi nada antes e minha experiência fora apagada por alguns segundos pra dar espaço a um desconhecido que aperta meu coração. eu sei que eu faço um temporal no copo d’água, mas que culpa eu tenho, se é o jeito como me sinto? dói muito mais do que poderia doer, e eu também sei que eu estou sempre onde me coloco. onde escolho estar. ninguém me obrigou a dar esse passo, não foi simplesmente algo que me veio sem avisar. eu me joguei, e de forma muito despretenciosa, isso veio ao meu encontro também. com tanta vontade de me encontrar quanto eu que estava a procura do que nem sabia exatamente o que era. ou será que sabia? ou será que tinha certeza que merecia a grandiosidade das minhas aspirações? a todo instante o questionamento sobre jornadas corretas, que levam a caminhos certos. eles existem, ou é puro delírio da nossa mente pra nos fazer pensar que deveríamos estar vivendo outra coisa? talvez devêssemos. talvez pudéssemos. é tudo questão de mudança, e, sobretudo, mero ponto de vista. o que resta é descansar um pouco e me entregar, deixar a baleia cortar água sem ficar atinada aos próximos passos; ser levada um pouco por essa maré intensa que é a vida, sabe? ligar o piloto automático e aproveitar a viagem, desfrutar do caminho com muito mais coração e entrega. algo na alma diz que é pra ir. então, vai.

escrevi esse texto às sete e poucos minutos da manhã de hoje, a caminho da nova rotina, e na volta, com os olhos marejados, fui tomada por uma imensa gratidão pelo existir. com a certeza de que tem uma mão muito acolhedora que nunca me abandona e de algum lugar, olha por mim. uma sensação de 1% a mais do que fui em tão pouco tempo que adoça a travessia, me abraça, sustenta o presente. de mim pra mim, meu próprio lar. não há coincidências: todo o amanhã já está sendo lapidado hoje. estava escrito. todos os dias não cansarei de repetir o quanto confio, entrego, aceito e agradeço.

BARROS, Joyce Gabriella. quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024.

5 de fevereiro de 2024

dia____513, belo horizonte 2024: a eterna competição de eu comigo

oi, eu sou joy e hoje fazem 513 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. no último domingo, mais precisamente ontem, eu finalizei o meu desafio de 20 dias / 20km de bike por dia. claro que por motivos maiores, eu andava bem mais que isso, principalmente devido às locomoções externas. a bike tem sido meu maior sinônimo de mobilidade urbana. além do treino e da aventura, claro. nem ônibus, metrô, ou uber (a não ser que seja o último caso). então, de toda essa contagem e preparação, eu a minha companheira de duas rodas tivemos uma marca de pouco mais de 600km nesse período de tempo. lembro que a última vez que gravei pro podcast, estava ainda muito verde, prestes a completar o dia 3 do desafio, então o medo era fazer alarde sobre isso e simplesmente não conseguir ser consistente, o que acabou por me afetar bastante num primeiro momento. sorte a minha que na briga entre as vozes da minha cabeça, a sensatez junto à determinação e disciplina venceram. juntos, me levaram a concluir. alguns dias levei a crer que fosse impossível ter estímulo pra enfrentar tudo o que eu enfrentei, na mente e no físico, como o trânsito do dia a dia, que não era muito fácil de lidar porque não era algo que dependesse de mim. apesar dos pesares, alguns dias foram mais difíceis que outros. outros infinitas vezes mais fáceis, tal qual um "suco de veludo". é muito sobre a nossa relação com a nossa mente também. sempre vai depender do nosso diálogo interno. lembro que quando eu acordava feliz, inspirada, com vontade de viver, tudo parecia dar certo e o caminho era totalmente cor-de-rosa. em contrapartida, mesmo nos dias ruins, em que eu era movida pela força do ódio e aconteciam diversas coisas no trajeto, a sensação que ficava no pós era sempre de: gratidão por ter enfrentado tudo isso, olha como você se sente melhor agora. os três finais de semana que permearam esse desafio foram bem diferentes um do outro. o primeiro, mais longo, acompanhada por mais dois ciclistas, teve uma trilha de +-80km da cidade e o "prêmio" foi um magnífico banho de cachoeira. no segundo, fui sozinha dar a volta na lagoa da pampulha. me perdi, mas me encontrei. foi realmente muito satisfatório. o terceiro, por sua vez, apesar do medo de ir na cidade vizinha apenas na companhia de mim mesma e ter que enfrentar uma solidão unida ao perigoso fato de ser uma mulher passando por lugares totalmente ermos e inabitados mexeram comigo. pude pensar nos possíveis acidentes que poderiam ocorrer, por mais que super comuns. mas, pra minha não tão grande surpresa, no fundo eu já imaginava que tudo correria bem. e correu. eu me superei muito. essa é mais uma lição para eu não duvidar de mim e de onde sou capaz de chegar. estou ansiosa pelos próximos desafios, porque taí uma palavra que ME MOVE. sou movida por provas, por tudo aquilo que me faz ser melhor do fui ontem. é um belo combustível pra viver a eterna competição de eu comigo.  

BARROS, Joyce Gabriella. 5 de fevereiro de 2024. 


 

2 de fevereiro de 2024

dia____510, belo horizonte 2024: isso me faz lembrar das minhas escolhas

oi, eu sou joy e hoje fazem 510 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. em dois dias finalizo meu desafio pessoal de 20 dias de bike com -2kg pra conta e uma satisfação imensa por ter mantido a consistência. pra mim, se trata de uma boa dose de vitória. fui dormir com reflexões, que depois de digeridas, acordei pronta para expeli-las. hoje em dia eu continuo a nutrir uma amizade muito profunda com um antigo afeto a ponto de sairmos, trocarmos ideias pra falar sobre coisas da vida. quase como um confidente onde há um mútuo entendimento de emoções. desde sempre houve, talvez por isso persista. no fim, a permanência era essa: um laço inquebrável com alguém muito importante, que por breves e intensos momentos insistiu em virar alguma outra coisa, e tudo bem. às vezes a gente precisa provar o gosto de algo pra saber que não era bem aquilo. enfim, voltando... a pauta ontem foi sobre a falta de vontade por estabelecer romances e outros laços com pessoas aleatórias. houve um tempo que existia uma incessante procura pelo preenchimento, ou uma "virada de chave" ao se relacionar com outras pessoas esperando que em algum momento viesse uma "certa", que nos salvasse da vida. hoje, eu vejo que relacionamento não é nada mais que uma dedicação de mão dupla pra fazer dar certo. uma construção. não é algo que simplesmente aparece como num passe de mágica. lembro que na nossa época de interação amorosa, ambos justificaram o fim como a falta de desejo pelo outro. agora, sob os relatos dele que não tem estado tão afim de trocas além de beijos e carinhos momentâneos, percebo que quando estamos dentro de uma relação, tendemos a culpar o outro pela ausência dos nossos quereres. é como se ali dentro, a outra pessoa tivesse que estar a postos a todo momento para nos instigar "momentos mais quentes". e olha que talvez a gente nem saiba direito o que acende o nosso fogo de fato. é uma eterna descoberta, mas tem que estar sempre pondo em prática, colocando o braço à torcer. o outro tem os momentos dele, os direitos dele e muito desses "problemas" que enxergamos no externo estão lá dentro. beeem fundo. isso me faz lembrar das minhas escolhas, os tempos "de teia de aranha" que passo quando estou sozinha comigo sem dividir atenção com ninguém. por livre e espontânea vontade. é como um preparo para o que vem depois. o que vai me despertar o desejo de me entregar de verdade e nem sempre isso se encontra à toa, em qualquer lugar. esse texto é pra lembrar que tudo é muito sobre nós mesmos. a relação não esfriou. eu quem esfriei. o outro não deixou de sentir desejo. talvez eu mesmo que tenha deixado de sentir por mim mesmo. e tá tudo bem aceitar isso. o mundo não gira em torno dessas coisas que a gente só mirabola diante das carências. estar sozinho é tudo. se bastar e se bancar, também. é preciso satisfazer a si próprio com coisas que tragam vida, que vão além de casualidades premeditadas. o instantâneo até favorece. mas o acaso mesmo, a gente precisa se preparar muito pra encontrar. sem esperar muito. há de se estar distraído. 
BARROS, joyce gabriella. 2 de fevereiro de 2024.


1 de fevereiro de 2024

dia____509, belo horizonte 2024: gratidão por cada coisa estar no seu lugar

oi, eu sou joy e fazem 509 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. antes a minha versão de hoje voltasse atrás pra pegar na minha mão e dizer que tudo ficaria bem. que eu daria conta. que aquela relação seria mil vezes melhor se ficasse só na amizade sem ir mais além. se sair daquele trabalho que sugava iria abrir tantas outras portas adiante para que eu me descobrisse como uma pessoa para além da minha profissão. que tudo aconteceria magicamente em consonância com os meus sonhos, e que ninguém tinha acesso aos arquivos senão eu. há um propósito pra tudo e todas as coisas nos levam para esta direção. como um longo caminho em que não sabemos bem para onde estamos indo, existe uma orquestra totalmente organizada para fazer cada nota saber a hora de entrar. está escrito o que a gente escreve. o que busca. eu tenho desejos muito maiores que eu, alguns, eu não saberia nem definir em palavras de tão grandiosos e impalpáveis. em momentos me engasga a sensação de não poder pari-los de dentro de mim principalmente por não saber como, muito menos ter ferramentas necessárias para tanto. é como se sempre faltasse um empurrão. de alguém, do destino, de alguma força maior que me envolve. é como viver na horizontal imaginando a vertical. um caminho infinito de evolução mas que tudo se conecta conforme o tempo passa. eu me pressiono, imagino a vida sendo uma outra coisa além do que ela tem sido agora, mas ela não tem a capacidade de ser além do que é pelos simples falo de ela ser APENAS o que ela é. como ela é. e eu só devo uma coisa: gratidão. por cada coisa estar no seu lugar. por tudo que me trouxe, por tudo que ainda me levará. e é pra isso e por isso que eu escrevo sempre sobre as mesmas questão. pra fixar em mim de que não existe nada errado ou fora de roteiro acontecendo. minha vida inteira vai ser esse galgar de situações que levam às outras e eu sou a única pessoa que jamais poderá soltar da minha própria mão. confiar com tanta fé e ver o tempo passar, as portas se abrindo, e os caminhos levando... a viver tudo o que preciso viver. e isso nem sempre irá de encontro necessariamente ao que eu gostaria de ter. é muito óbvio. mas se parar pra pensar, as surpresas do que aparecem são sempre muito mais extraordinárias do que a gente imagina. e isso é o que faz a vida ser mágica. 

BARROS, joyce gabriella. 01 de fevereiro de 2024.

23 de janeiro de 2024

dia____500, belo horizonte 2024: 500 DIAS(!!!)

oi, eu sou joy e hoje fazem 500 DIAS que eu fui passa um mês fora de casa e não voltei. no dia 8 do meu desafio pessoal, mil coisas passando na cabeça sob a forma de conduta alheia. um turbilhão de pensamentos e emoções condensando tudo o que foi vivido até agora. transformado em memórias, reciclando, ressignificado tudo de alguma forma. quem fui eu quando cheguei, e quem agora sou, como me transformei, mudei, enfrentei coisas externas e principalmente externas em pro de algo muito maior do que eu poderia desejar: o PRESENTE. nem nos meus melhores sonhos eu haveria escrito algo tão bem arquitetado quanto esse agora. os amigos que construí, as pessoas que conheci, os lugares que eu pisei, os detalhes de uma vida, vividas nessas 12.000h que me trouxeram a encontro de mim. mesmo em meio às crises e imprevistos fortuitos, evoluí, dei a volta por cima, voltei atrás, segui em frente e hoje eu percebo que todas as coisas que aconteceram ao longo da caminhada dariam sempre para este momento. assim como tudo que tem sido plantado hoje também me levará para algo depois. e que talvez não devesse importar tanto, porque é tão precioso estar aqui e agora vivendo e sentido todas essas coisas que não, eu não trocaria por mais nada no mundo. hoje é hoje, amanhã é depois. não importa. seguiremos construindo esse além do mais aqui, enquanto o tempo couber e deixar ser. se vem mais 500, eu não sei, mas me abro pra natureza das coisas e dos ciclos, deixando a vida me levar por onde quer que eu mereça estar.

BARROS, Joyce Gabriella. terça-feira, 23 de janeiro de 2024.

22 de janeiro de 2024

dia____499, belo horizonte 2024: uns sinais pelo caminho

oi, eu sou joy e hoje fazem 499 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. no dia 7 do desafio pessoal eu pensei em não ir. não ir implicaria em ficar em casa, fazendo tudo, menos ouvir falar em qualquer coisa que remetesse à duas rodas e um guidão. mas me empurrei e fui. ontem fiz uma trilha com mais de 75km e eis minha desculpa: os caminhos de ontem pagariam por hoje(?) errado. os caminhos de ontem são os caminhos de ontem. hoje é hoje, um novo dia. descansar é importante, mas nesse fluxo de tempo/velocidade/distância, não deveriam existir desculpas. é como um degrau subido a cada dia, e só no fim, a gente se dá conta de como foi além. eu tô tentando não me sabotar, não dar desculpas para procrastinar a continuação de tudo o que construí até agora. tive como resultado um novo caminho, e mesmo saindo um pouco mais tarde que o habitual, venci o trajeto. não vivi grandes loucuras no trânsito nem arrisquei demais meu bem mais precioso que é a minha vida. vi uns sinais pelo caminho que prefiro guardar como um amuleto de que estou no caminho certo e tá tudo tão bem que tenho até que escrever esse texto todo só pra no fim não mais que agradecer e agradecer por tudo o que tenho vivido até aqui, é muito mais do que eu esperava. saber que consigo sim, dar conta é um passo mágico em direção às minhas próprias auto descobertas. e é sempre assim, vencer a si 100%, 1% a cada dia. 

                   BARROS, Joyce Gabriella. segunda-feira, 22 de janeiro de 2024. 

20 de janeiro de 2024

dia____497, belo horizonte 2024: conseguindo avançar perante eu mesma

oi, eu sou joy e fazem 497 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. seguindo pro dia 5 do desafio pessoal, acordei beeem mais cedo que o habitual. mas não fui dormir tão cedo assim. lembro que antes de deitar, mentalizei: "quero acordar muito cedo e disposta amanhã", e assim que o despertador tocou, tentei adiar, mas estava longe demais, não parava de tocar e não havia ninguém que desativasse pra mim. por ser um dia de sábado e, na minha opinião, o melhor dia da semana (não só porque foi o dia em que eu nasci). a hora que eu estava voltando pra casa era a hora que ontem, eu estava indo. pra você ver, nenhum dia é igual e dá pra fazer as coisas de um jeito diferente pra sentir de um jeito diferente. foi muito bom acordar disposta, sentir a vibe matinal da vitamina D gostosa das 6:30h da manhã irradiar meu corpo. inclusive, fiz meu melhor tempo no treino em jejum hoje. sentia que a bike flutuava enquanto acelerava os pés. tudo fluindo e nada a reclamar do trânsito. ainda são 10h e eu já fiz tanta coisa hoje, posso dizer que os dias tem sido absurdamente produtivos e eu me afogo a cada dia mais num sentimento puro de gratidão, não só pela minha perseverança, mas por estar conseguindo avançar perante eu mesma. no primeiro dia a gente sempre acha que não vai dar conta, mas conforme o tempo vai passando, você vai encontrando um poder lá no fundo da alma que é capaz de iluminar tudo. é como mudar de vida mesmo estando numa mesma vida, porque isso inclui uma troca de perspectiva muitas vezes bem brusca, forçada, mas que não dói, de tão natural e predestinada que estava a ser. e traz paz pros dias, alivia a caminhada, deixa tudo mais leve, porque mostra que não é preciso coisas de coisas muito estrondosas pra fazer barulho. viva a vida!

BARROS, Joyce Gabriella. 20 de janeiro de 2024. 

19 de janeiro de 2024

dia____496, belo horizonte 2024: agradeço por ter voltado viva pra casa

oi, eu sou joy e fazem 496 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. fui pro dia 4 do meu desafio pessoal e por pouquíssimo não adiei, não desisti. era tarde, o dia estava um pouco nublado, o que me fez ativar o modo "deixa eu dormir mais um pouquinho" no despertador, mas mais uma vez, meu cachorro não deixou e eu tive que sair pra volta matinal dele. o que é bom, de certa forma, porque são minutos decisivos e me fazem acordar de verdade. ver o mundo, sentir a energia do sol é saber que mais um dia começou a não dá pra parar ou ficar dando desculpas pra não fazer o que tem que ser feito. eu sei, não tem ninguém me vendo, mas eu preciso ser fiel ao que me prometi. é tão simples. tão fácil. só eu quem poderia ser capaz de dificultar as coisas, de colocar pedras onde não tem. mesmo que as rodovias estejam sempre lotadas, o trânsito não colabore muito, algumas loucuras precisam ser levadas ao extremo. no treino do dia, por exemplo, fui surpreendida ao ver um maluco pendurado num ônibus em alta velocidade. cada curva era um suspiro pensando que ele poderia cair a qualquer momento. sério, era como aquelas cenas de fuga nos filmes de ação. e a galera nas ruas indo à loucura ovacionando ele a cada manobra arriscada que o motorista fazia e ele só precisava se equilibrar em meio ao risco. em alguma dessas horas eu também arrisquei. tentei disputar velocidade com o mesmo ônibus pra tentar me salvar, e ir para o minha zona segura, que é perto do meio-fio (acredito eu). foi um passo que poderia ter me custado a vida, ou pelo menos algum acidente, mas, petulante como sou, eu quis sentir um pouco da adrenalina da disputa de segundos. como citei anteriormente, alguns pontos soam como obstáculos que eu vibro a cada vez que os supero. todos os dias, as mesmas dificuldades de cruzá-los, e a paz paira, quando ultrapassados. quando perto do caminho de casa, fiz a ultrapassagem de um carro parado pela direita, quase engolida por um bueiro e batendo o retrovisor do carro, uma mulher dentro num tom de reclamação ou preocupação algo falou mas eu nem dei tanto cartaz, acho que eu não estava tão certa. pra eles, os ciclistas nunca estão. de toda forma, não há respeito de ambos os lados. quem é mais forte sempre prevalece. e é mais um dia que eu agradeço por ter voltado viva pra casa. 

BARROS, Joyce Gabriella. 19 de janeiro de 2024.

18 de janeiro de 2024

dia____495, belo horizonte 2024: un día a la vez

oi, eu sou joy e hoje fazem 495 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. tô no terceiro dia do desafio pessoal que eu me propus a fazer, e sabe o que é mais louco? a cabeça fica tentando auto sabotar a gente a qualquer custo. só são três dias até agora, tenho ido além da meta, me superado, mas ela já tá pensando no, sei lá, dia 17. coisas do tipo: "e se eu tiver que pular um dia?""e se eu não manter o ritmo?" "e se eu ficar muito cansada?" milhares de coisas me atordoando a todo instante e eu só quero parar essas vozes que intercalam entre >talvez eu não vá conseguir< com >caraca, tu é f0da, tá se superando, continua no teu tempo< são duas pessoas completamente diferentes falando. mas de verdade, eu espero que no fim das contas eu saia com uma clareza mental maior e o silêncio de paz seja meu maior troféu por mais uma vez poder dizer que foi melhor que eu esperava e que não precisava de tanto drama ou achar que poderia rolar alguma coisa errada, porque a gente sabe, no fim da TUDO certo e se não deu certo é porque o negócio ainda tá rolando, parafraseando um clássico pensamento do fernando sabino. acordei mais tarde do que o habitual, por volta das 7:20h (meu dog, meu despertador), tomei um cafezinho sem açúcar, enrolei por aproximadamente 1h, e me empurrei. na verdade, me forcei. na cabeça, os grandes desafios: trânsito engarrafado, sol, calor, motoristas ansiosos (assim como eu, haha) e outras coisas que quem não gosta muito de andar pela ciclofaixa enfrenta (não se podem pedalar além de 20km/h lá), e que a meta é sempre ir cada vez mais rápido procurando sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, respeitar as regras de trânsito, não é mesmo? fiz meu segundo melhor tempo - o atual é 22.24km em 57'22". e é isso, todo dia 1% a mais fazendo o que dá sem arregaçar limites. sem falar que fui com uma dor de cabeça infinita, proveniente do meu desague de ontem a noite. sim, eu chorei, com todas as minhas forças. depois do meu pet ter olhado no fundo da minha alma com aquelas pupilas altamente dilatadas que agiram como um desentupidor de toda mágoa que há no mundo, chorei rios e pedi uns perdões para quem precisava pedir. sobretudo pra mim. pra lembrar que tem coisa que a gente replica não porque somos pessoas más, mas porque estamos condicionadas. e a partir do momento em que percebemos isso, a chave vira, porque temos a oportunidade de agir de uma forma melhor numa próxima vez. haverá próximas vezes? a gente nunca sabe, mas o otimismo sempre diz que sim. e vamo que bora, o presente é mesmo um presente. hora de abrir. porque é sempre assim: un día a la vez.

BARROS, Joyce Gabriella. 18 de janeiro de 2024. 

3 de janeiro de 2024

dia____480, belo horizonte 2024: coisas pra eu sempre lembrar

oi, eu sou joy e hoje fazem 480 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. hoje eu diria pra eu não ter medo e me entregar mais àquilo que eu confio de todo o coração. pediria sempre luz nessa bússola interna para que sempre ilumine meus caminhos muito de acordo com aquilo que faz vibrar não somente minha alma, mas também meu coração. que enquanto eu estiver alinhada, eu tenha a fé e a certeza de que fica só o que tem que ficar. que isso não me faça sofrer. não antes mesmo que eu entenda.

que eu preciso sim, lembrar que minha dieta não é só o que eu como, mas tudo o que eu consumo que entra no meu templo de alguma forma. seja visualmente, mentalmente ou até mesmo energeticamente falando. e isso é sobre com que eu compartilho a minha convivência e o mais interno que há em mim. que eu não esqueça nada do que passei e enfrentei, sobretudo lembre que tudo o que tem que ser é leve. e se esforçar é diferente de forçar. quando a luta para ir em busca daquilo dói mais do que a gente aguenta, não é sustentável porque seu lugar não é lá. seu lugar é onde você tem plena convicção de que a luta um dia vai valer a pena. pode ser hoje, pode ser amanhã. espere e verás.

BARROS, Joyce Gabriella. quarta-feira, 3 de janeiro de 2024. 

31 de dezembro de 2023

dia____477, belo horizonte 2023: a cereja do bolo

oi, eu sou joy e fazem 477 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. eu tô sentindo mil coisas diferentes a respeito do fato de sentir o ano virar. amanhã eu vou ser alguém novo? vou entrar numa câmara de gás e glitter onde num passe de mágica todos os meus problemas vão embora? 

é muito louca a sensação de toda essa carga energética e simbólica que constitui o avanço de um ano, gere toda uma esperança em torno, e até mesmo nós, vermos tudo mudar. continuamos sendo os mesmos, mas por um segundo tudo parece se transformar. a gente pode escolher mudar hoje, amanhã, segunda-feira, ou sei lá. não vai ter o mesmo empenho do que começar uma nova versão de você em janeiro. eu tenho sentido coisas ainda que parecem permanecer em mim ao longo de anos, que ano vai e ano vem, são sensações e emoções doendo pouco a pouco enraizando em mim algo que me controla totalmente. não é o ano quem vai decidir me ver mudar pelo menos a perspectiva. 

eu fico feliz em ter me superado em muitas coisas, enfrentado desafios, simples ou não tanto, mas que mais uma vez, não sei porque ainda me surpreendo por ter conseguido. parece que eu sempre já sei que tudo vai dar certo de novo. e nem sempre tudo vai se sair conforme eu imagino que seja quando o que tem que ser meu está a caminho. são milhões de possibilidades e eu só preciso confiar que todas as coisas que eu tenho que viver eu já estou vivendo. e tudo se vai. mas infelizmente vez em quando eu me saboto. desconfio. e isso me corrói por dentro. eu ajo totalmente contrário ao que gostaria que eu mesma fosse. 

são muitas coisas que eu queria dizer para algumas pessoas, mas agora, uma em específico me veio, e vale pra muitas pessoas juntas. talvez. eu queria pedir desculpas por me afastar. não me julgo. mas alguns trejeitos na sua personalidade ativam gatilhos em mim que eu não consigo estar pronta pra lidar. é a mesma sensação de olhar pro sol. você pode fitá-lo por alguns segundos, mas ele pode facilmente fechar sua visão antes que você perceba. olhar pra nossas dificuldades em lidar com grande maioria das coisas não é fácil. todos os dias eu luto contra o entendimento de mim mesma e eu sei que vivendo quiçá o gelo que as minhas paranoias ergueram em forma de muralha poderia simplesmente derreter com um pouco de presença. mas por agora prefiro não olhar. existem mil coisas que ainda me afligem, é como se tivesse que me equilibrar o tempo todo entre ser minha própria mãe e lembrar de ser filha, deixar-se ser acolhida. pensar dói. parece que não me reconheço essas distâncias, esses segmentos.

no mais, eu deixo as coisas serem. preciso reconhecer ainda um restinho de leveza em mim e expandi-la outra vez. não depende de mais nada lá fora. eu vou sentir as coisas com totalidade outra vez. me reconhecer e escolher cuidar de mim é um pouco do que sei sobre autocompaixão.

BARROS, Joyce Gabriella. domingo, 31 de dezembro de 2023.


28 de dezembro de 2023

dia____474, belo horizonte 2023: quanto mais me sei

oi, eu sou joy e fazem 474 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. tal qual os comentários de pessoas anônimas sobre fofocas ou até mesmo nas páginas dos próprios famosos, eu não deveria simplesmente querer opinar nada sobre a ação ou o sentir do outro. não deveria dizer a hora que ele vai dormir. o que ele vai fazer ou dizer. ele sabe dele. eu sei de mim. e quando mais presto atenção em mim, mais me sei. e quando me sei, me abraço, e me acolho pra minhas imperfeições. isso me ensina a amar a dos outros também. quando a gente conhece primeiro as nossas. isso faz o amor ser por ele mesmo, genuíno. um supra-sumo do sentir. sua forma em antídoto. “quanto mais a gente deixa as coisas livres, mais o que tem que ficar perto de nós fica”. quanto mais prendemos, mais aquilo quer voar para se ser. é nisso que constitui a troca e a veracidade dos afetos. no amor de dar. de receber. de viver. pra não esquecer.

BARROS, Joyce Gabriella. quinta-feira, 28 de dezembro de 2023. 

19 de dezembro de 2023

dia____464, belo horizonte 2023: uma sensação geral de bem-estar

oi, eu sou joy e hoje fazem 464 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. será que a gente é o tempo todo quem a gente quer ser? ou fica se mutilando, se encolhendo pra caber? esses dias, vi num lugar, na verdade, REVI, um negócio que dizia que quanto mais formos verdadeiros conosco e com os outros, mais a gente afasta e aproxima quem tem que estar. lembrando que estar conosco não é físico. tem gente que está sem estar. e tem gente que não está, estando. enfim, só uma reflexão curta e grossa sobre permanência e autenticidade.

BARROS, Joyce Gabriella. terça-feira, 19 de dezembro de 2023.




 

15 de dezembro de 2023

dia____461, belo horizonte 2023: uma sensação geral de bem-estar

oi, eu sou joy e fazem 461 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. dias despretensiosos são incríveis quando a gente deixa que eles apenas sejam. tive uma sessão de 1h30 de massagem ayuvérdica (feita para harmonizar o corpo e a mente, usando uma combinação de técnicas de massagem, movimentos rítmicos e óleos medicinais específicos. se adapta às necessidades individuais de cada pessoa, levando em consideração seu tipo de constituição física (doshas) e qualquer desequilíbrio que possa estar presente. os benefícios incluem a melhoria da circulação sanguínea, a eliminação de toxinas, o relaxamento dos músculos, o alívio do estresse e a promoção de uma sensação geral de bem-estar. essa prática ajuda a equilibrar os doshas (Vata, Pitta e Kapha), que são os princípios fundamentais do Ayurveda). depois rolou aula de yoga com direito a confraternização, umas 3h de conversa sobre assuntos gerais da vida, picolé de manga com expectativa de ontem e a vontade de pedalar forte mesmo já sendo quase virada de um dia para o outro, eu venci a mim mesma. minha cabeça, minha solidão. e o alívio por ter a mim. por ter comigo a minha bicicleta e não permitir que eu me sinta tão só. “a solidão é fera, a solidão devora”, assim como disse alceu em uma canção. mas hoje, todas as coisas me mostraram que eu sou a senhora do meu destino. o toque das mãos que se encaixavam e o deslizar do óleo de gergelim tocando a pele, papos despretensiosos sobre asanas e suas variações, escuta acolhedora sobre a vida profissional e estar comigo. entre eu e mim. me superar. deixar a mente calar por uns segundos ouvindo só o barulho da resistência da corrente no ar. ir além do que previ e planejei pra hoje. as vezes, as grandes vitórias não virão com o tempo, porque elas estarão nas pequenas. do dia a dia, sabe? aquelas que quase ninguém vê. saber que fui além do que imaginei que por um momento e não existia mais além dali. pensar com dúvida se a vida era só isso mesmo me faz lembrar nas entrelinhas que eu posso descobrir algum brilho distante de vontade de existir mais outra vez. sendo eu, me acolhendo com um abraço e escolhendo, seguindo meus desejos. ainda bem que os segui. e olha que foi tudo intuição. ouvir ela é sempre o melhor que eu faço pelos vários eus de mim que habitam aqui. tô leve.

 BARROS, Joyce Gabriella. sexta, 15 de dezembro de 2023. 

12 de dezembro de 2023

dia____458, belo horizonte 2023: não adianta a insistência ou muito talvez a pressa

oi, eu sou joy e fazem 458 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. é muito engraçado pensar sobre a fluidez das coisas porque eu sempre estou pensando na fluidez das coisas. em como elas apenas são. e nem adianta insistir. depois de finalmente comprar minha própria bicicleta, veio a saga da busca por um capacete de proteção. mas eu, como boa apreciadora da estética, e designer com vênus em touro, tinha em mente um modelo, e COR (principalmente). mas aí comprei um mais ou menos porque me parecia o mais certo a se fazer naquele momento. depois de um tempo, passei adiante. não era ele. comprei outro que chegava mais perto do que eu procurava, mas ainda não me emocionava. coloquei à venda e poucos dias depois acabei vendendo para um alguém de uma forma muito rápida, que me deixou até assustada, algo muito na base da confiança. fiquei sem. encontrei mais um que talvez quisesse, que talvez gostasse, e mesmo ainda não sendo o que eu queria, tentei mais uma vez. a página de vendas, em seus mil e um problemas acabou não efetuando a compra, o que me deixou ainda mais ansiosa. pensei até em pegar um outro ainda mais aleatório, já que eu não conseguia o que eu queria, de fato, e ele estava simplesmente esgotado no site. até que, depois de umas buscas mais intensas, o encontrei em uma loja da cidade vizinha, e consegui: do jeitinho que eu queria. além do mais, ao ir de bike, desfrutei de um caminho belíssimo, num lugar que nunca havia ido e me deixou um saldo de quase 22km rodados. o que eu aprendi com tudo isso é que não adianta a insistência, ou muito talvez a pressa. quando a gente quer uma coisa, vai sempre existir um abismo entre ela e a vontade que não pode ser preenchido com nenhuma outra. se continuarmos andando, vamos percebendo que tudo o que acontece é como uma ponte que vai sendo constituída de experiências para chegar onde queremos chegar. e isso se adapta à várias outras situações da vida, em que eu não devo me apegar ao destino final, mas sempre desfrutar do percurso. ele pode trazer muitos bons momentos, assim como os capacetes que passaram por mim trouxeram, mas se eu tiver confiança de pra onde a estrada vai me levar, jamais precisarei carregar comigo o fardo do sofrimento.

BARROS, Joyce Gabriella. 12 de dezembro de 2023. 

8 de dezembro de 2023

dia____454, belo horizonte 2023: afastamentos não são ruins

oi, eu sou joy e hoje fazem 454 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei.  saímos da vida das pessoas porque não somos capazes de apoiá-las, ou de sentir o que estão se tornando. nos afastamos porque sentimos que não conseguimos contribuir com seu crescimento da maneira que merecem, ou porque perdemos a sintonia com o que está acontecendo em seus corações. não é fácil oferecer apoio a algo que não nos faz vibrar interiormente; isso nos distancia de forma natural. antes de mais nada, ninguém deve ou precisa apoiar ninguém. não é obrigatório. mas é necessário lembrar que aceitar é. gente que incentiva a ser melhor e maior nos conecta com nós mesmos em essência. isso nos ajudam a reconectar com o nosso verdadeiro eu. a verdade é que as relações se desfazem quando não conseguimos apoiar as ambições e os sonhos uns dos outros. cada pessoa está em sua própria jornada, com metas e desafios únicos, e encontrar aqueles que podem nos apoiar nesse caminho é algo de grande valia. a vida é como um rio, fluindo e nos levando a novas experiências. é tão natural passarmos por fases nada a ver uma com as outras - mas que no fundo se conectam -, assim como as estações mudam. o segredo está em abraçar essa fluidez com leveza e aceitação. ao deixarmos ir o que já não nos serve mais, permitimos espaço para o novo florescer. é como soltar delicadamente uma pena ao vento, permitindo que ela siga seu próprio curso. nosso coração e nossas aspirações são como borboletas, livres para voar e buscar o que os faz elevar. aceitar quem somos, no momento presente, e abraçar a constante ressignificação é um ato de amor-próprio. afinal, só o que é essencial se mantém de pé. se sentirmos a chamada para provocar mudanças, que possamos fazer isso com a gentileza de quem planta sementes. é nas pequenas escolhas diárias que encontramos a magia da transformação. eu espero poder me lembrar que a cada dia de que somos como flores desabrochando e respondendo às carícias do vento da transmutação. e, acima de tudo, que possamos compartilhar esse abraço acolhedor com nós mesmas e com aqueles que cruzam nosso caminho dia após dia. quando percebemos disparidades no caminho e no apoio, pode ser um sinal valioso de que é hora de cuidarmos de nós mesmas. abrir mão não significa desistir, mas sim reconhecer a importância de preservar nossa paz interior e bem-estar. se sentirmos que não estamos recebendo o apoio necessário para florescer e seguir nosso verdadeiro caminho, é um ato de amor próprio considerar a possibilidade de abrir novos horizontes. isso implica em soltar suavemente as conexões que não estão mais alinhadas com nosso crescimento. cada jornada é única, e nem sempre é fácil dar esse passo. cuidar de si é um gesto poderoso e necessário. é como regar as flores do nosso jardim interno para que possamos continuar a florescer e brilhar. o desapego, nesse contexto, é um ato de autocompaixão. abrir mão de algo que não está contribuindo para nosso bem-estar pode criar espaço para novas oportunidades e relações que estejam mais alinhadas com quem somos e o que buscamos na vida. a gente só precisa se ouvir mais um pouquinho e confiar na profunda sabedoria do coração, e se sentir que é hora de seguir em frente, que seja feito com gentileza e amor. todos nós merecemos caminhar em direção à luz que ilumina nossa autenticidade.

BARROS, Joyce Gabriella; sexta-feira, 8 de dezembro de 2023. 






6 de dezembro de 2023

dia____452, belo horizonte 2023: sobre abrir mão das coisas

oi, eu sou joy e hoje fazem 452 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. tenho percebido durante minha caminhada que eu sempre abri mão das coisas, por mais que dor me causasse. mais meus abraços abriam em busca desse além que eu procuro tanto, mas no fim acho que nem vou achar, porque tudo o que procuro, só vou encontrar em mim. essa coisa dentro me dirige, me governa. nunca fui embora e tive pelo menos angústia ao olhar pra trás. sabe a sensação da picada de uma agulha, uma seringa, quando a gente vai fazer exame de sangue ou quando temos que tomar algum medicamento na veia, ou de um piercing sendo feito? é uma dor muito passageira. instantânea. passa tão rápido que a gente esquece que é 'pro próprio bem'. agora comecei a ler meus próprios sinais de que eu só não quero mais. eu não quero me dedicar. isso. dedicação. esmero. quando eu paro de sentir o prazer da dedicação e do esmero, meu corpo para de dar sinais que quer estar ali. sabe quando nos filmes tem aquela imagem do eletrocardiograma em que a pessoa está morrendo, o coração vai parando de bater lentamente, porque ela já não suporta mais e fulminantemente, vira uma linha eterna? é isso. a gente para de se sentir vivo ali. logo ali, onde a gente foi tão feliz um dia. eu só sei de uma coisa: a gente nunca mais vai ser o que já foi. porque agora, já somos outros. mudamos. e naturalmente os caminhos vão divergindo, vão parando de seguir um ao outro lado a lado, sabe? não tem mais toda aquela beleza. você começa a enxergar beleza em outras coisas. você conquistou o que queria, agora que já tem, quer mais. mais. mais. e o que tá ali, do teu lado, não faz mais sentido, é estranho. parece que a gente insiste, não pelo presente (que já nem existe mais passado), mas por um futuro idealizado e irreal do que não vai acontecer. é só uma projeção de quem fui enquanto sonhava. talvez mais nada disso faça mais sentido pra mim. parece que não tenho mais o que fazer. independente do que eu faça, tudo sempre vai estar girando em círculos. não evolui. não seca. não enche. você não quer mais. e você começa a nomear com outras coisas. vem em forma de ciúmes. posses e dores angustiantes. mas você sabe que não é verdade. você começa a sentir um ciúme muito ansioso, fica obcecado. tudo é um motivo pra você criar histórias na cabeça, cenários, de possíveis terríveis coisas que poderiam estar acontecendo ou seriam capazes de acontecer. é cruel o que a mente faz com a gente. ela é tão criativa, tão ampla, mas ela prefere falar outras coisas. e nem nos damos conta que somos nós que estamos sempre construindo a própria realidade. e, por covardia, sempre vai ser mais prático jorrar a responsabilidade no outro. pra não ter que arcar ou lidar com possíveis culpas.

quando você não está mais disposto àquilo, é comum continuar forçando a barra. deixando levar. as vezes por meses, anos, muito tempo, sem se dar conta. até esquecendo coisas que você leva muito em consideração. eu já não sei mais se tudo o que eu faço é meu, de fato. tudo começa a incomodar. coisas que antes amava, começam a soar como um canivete entrando nos seus olhos. tudo. você começa a não querer mais estar. você sente que não é mais você mesma. e é tão triste. me afastar de mim. deixar de ser eu. agir como uma menina ferida. na defensiva quase que o tempo inteiro. tentando ser 'dona' de coisas que não a pertencem. sobretudo sentimentos que não são genuínos. esse é apenas o dia 1 que eu comecei a ter uma nitidez mais exata de toda essa história, mas não é de hoje. quantos dias terão até a decisão final? eu preciso mesmo decidir alguma coisa? minhas ideias oscilam. até lá eu vou ter mudado tanto. che sarà sarà.

BARROS, Joyce Gabriella. quarta-feira, 6 de dezembro de 2023.

4 de dezembro de 2023

dia____450, belo horizonte 2023: cachoeira 27 voltas

oi, eu sou joy e fazem 450 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. hoje eu despertei naturalmente cedo. senti o brilho do novo dia de uma forma cheia de gratidão, que assim como o dia anterior, fez-se prevalecer. depois de uma trilha de bike com 100km (+-7h de movimentação), e a sensação de estar em sintonia com os companheiros na jornada, compartilhando não apenas a estrada, mas também momentos de pura adrenalina nas libertadoras descidas sem mãos no freio, é algo que guardarei com carinho. sem falar no sentimento de silêncio interno energizou o momento e deixou tudo mais bonito. é incrível como esses desafios têm trazido significado à minha vida. cada pedalada foi mais do que uma conquista, foi um lembrete de que sou e somos capazes de superar qualquer obstáculo. o trajeto belo horizonte - nova lima - honório bicalho (cachoeira 27 voltas) - raposos - sabará - belo horizonte, certamente foi o melhor que fiz esse ano até agora. não que tenha feito tantos, mas com certeza esse é aquele pé que a gente coloca na fé pra ir indo além cada vez mais. as estradas até chegar a cachoeira, tal qual seu nome, com suas 27 voltas e abismos imensos que mais lembravam a estrada da morte no território inca, só que adaptado apenas pra bicicletas e alguns transeuntes que não sofrem de vertigem, faziam com que construíssemos confiança, e destreza pra contemplar o caminho com foco, porque qualquer erro poderia ser tremendamente fatal. foi um misto de sensações que no fim deu tudo deu certo porque, além de tudo estávamos todos em consonância em tudo, até em questão de velocidade. em alguns momentos, pequenos sprints individuais nos separavam, mas nenhuma velocidade que não acoplasse e seguíssemos juntos logo em seguida. a volta, foi tão ágil quanto a ida, fez com que chegássemos em belo horizonte antes das 17h com um sol dourado e cheio de magia de fim de tarde com aquele cheiro de contemplação, o peito cheio de felicidade e grato por ter alcançado o objetivo num tempo hábil tão significativo. o maior presente, seria um belo banho de água fria que eu não via a hora de ter ao chegar, sentindo a leveza dos cabelos molhados, a água mais uma vez inundar a mim. e de quebra, o brilho do sol na janela enquanto isso acontecia fez tudo parecer ainda mais surreal, e um clima de domingo que ainda tinha muito pela frente, e, principalmente a sensação de: EU FIZ ISSO. fui inundada por uma intensa vontade de agradecer e aqui estou, até o momento presente extasiada. em alguns momentos, a ansiedade me fez questionar um pouco das minhas escolhas, mas observando por uma perspectiva mais externa, vejo que nenhuma escolha é por acaso, e todas sempre nos levam pro agora do depois. pra um caminho muito maior que é o presente da vida. isso está contido em tudo. ainda mais nesses momentos em que a gente é capaz de enxergar toda a beleza de coisas tão simples mas com tamanha capacidade de impactar. essas são as verdadeiras grandes aquisições: momentos e experiências compartilhadas com as pessoas certas na hora certa. o conselho que dou a mim mesma é continuar abraçando esses desafios com determinação e apreciando as conquistas de tamanho sem medida, e lembrando que cada passo contribui para um todo mais significativo. equilibrar desafios com autocuidado é mais do que essencial. e assim como a beleza está nas pequenas coisas, o crescimento também está nos momentos de reflexão e
descanso. sigo confiante, sabendo que essa jornada é minha, única e cheia de aprendizados que me guiam para a imensidão de mim. nunca estamos atrasados quando vivemos um dia de cada vez.

BARROS, Joyce Gabriella. segunda-feira, 4 de dezembro de 2023. 

2 de dezembro de 2023

dia____448, belo horizonte 2023: abraçar a autenticidade

oi, eu sou joy e hoje fazem 448 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. 
tenho afirmado sobre confiar mais no todo. deixar me entregar a mim. autoconfiança é quando sei o meu lugar na minha própria vida, e na vida do outro. quando sei medir o grau de responsabilidade por tudo o que me acontece e quando sei reconhecer a hora de ficar ou sair. quando sei onde me cabe e o que me cabe. quando não tenho medo do que vem à frente, e simplesmente vou porque estou de mãos dadas com minha intuição. uma pessoa que fala 100% o que pensa não é uma pessoa autoconfiante. acredito que pessoas confiantes sabem exatamente o que dizem, e não dizem qualquer coisa. elas sabem quando acrescentar e quando silenciar. mas, do contrário, elas não pesam falar ou não com base no parâmetro de outra pessoa, mas sim do que ressoa com seus mais profundos princípios. autoconfiança é saber trilhar o próprio caminho e estar preparado pra abrir mão de muitas coisas, visando sempre encontrar a própria luz e propósito.

é aí que a gente se destacada. sendo diferente. ser diferente, nada mais é do que ser você mesmo. não seguir a manada ou fazer tudo aquilo que os outros estão fazendo em massa. fazer por você, evidenciar seu dom único de executar as coisas que você sabe da forma que você sabe. as capacidades, as crenças e as experiências são apenas um complemento do que te faz único. na verdade, elas potencializam “seu diferencial”. é celebrar as próprias particularidades e reconhecer a individualidade de cada um. como diria nietzsche: “torna-te quem tu és”. se você não conseguir mostrar pro mundo o que você representa pra ele, sempre será só mais um. se aceite. que se explodam os outros. sofrer é uma escolha sua! ninguém tem esse poder de te desestabilizar. a não ser que você abra as chancelas pra isso. é tudo sobre o ângulo que você está vendo as coisas.

temos que procurar sempre enxergar a vida por uma ótica amorosa. porque, em si, ela é o amor, se pararmos pra analisar profudanmente. a palavra amor, que é popularmente atribuída a um sentimento romântico é tudo o que precisamos e viemos cultivar, mas o ser humano não está pronto para essa conversa. ou apenas faz de desconsertado. o amor é um sentimento extremamente nobre para ser confundido com paixão, tesão, vaidade. apesar de muitas vezes conter um pouco de tudo. o amor é um sentimento unilateral. solitário. o amor não tem medida, nem facetas, não tem jogos nem mesquinhez. você dá sem esperar em troca. você só o é. o amor não depende de mais ninguém. você simplesmente aprecia, valoriza e cuida com todas as forças, por tão somente acreditar cegamente na força dele. quando a gente consegue enxergar a vida com os olhos amorosos do amor, sem julgamentos, mas acolhimento, a semeadura torna-se natural, e o plantio, abundante. próspero. isso dá sentido à vida. quando você ama, você está ainda mais perto de você mesmo e do seu propósito e atinge o amor mais verdade e puro que existe, sem egoísmos. o amor por você mesmo.

BARROS, joyce gabriella. sábado, 2 de dezembro de 2023. 

30 de novembro de 2023

dia____446, belo horizonte 2023: transpirando mudanças

oi, eu sou joy e hoje fazem 446 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. sempre gostei de me relacionar com pessoas que atravessam o tempo, transpiram mudança. pouco passou, mas mudaram muito. e isso ficou nítido. nada contra quem "aparentemente permanece igual" (como não se pode ter mudado nada? nem sequer um pensamento? será que é possível?) essas são as melhores pessoas, na minha mais humilde opinião. e não que ela seja a certa. pra mim é. pessoas que se abrem pro novo, que transmutam, que hoje já não são mais os mesmos, que venceram um defeito, que mudaram alguma coisa na forma de falar. que fizeram pequenas coisas que mudaram tudo. essas são as pessoas. eu amo quando a vida me leva a elas.

eu posso me identificar com algum lugar e simplesmente querer ficar lá, até eu descobrir que não faz mais sentido. "às vezes, é um processo que leva meses, às vezes anos", contou ela mesma depois de nunca ter voltado pra se despedir. há mais de um ano. "a vida continuara", pensou ela. mas dentro muita coisa mudou. cenários mudaram. todas as coisas que ela construiu na mente dela ao longo de tudo que ela achava que era a vida, de alguma forma, transmutou. por muito tempo, ela refletiu sobre isso. a vida foi apenas acontecendo. tudo no seu fluxo e ritmo. e ela sempre soube se entregar. tá aí uma coisa que ela fazia com destreza: entrega. afinal, era pura água. peixe.

quando não me entrego às mudanças (que vêm como um vendaval) me sinto morta. estagnada. sem perspectiva. parece que existe um vácuo. uma grande tela em branco pintada pelas incertezas. eu preciso sempre estar em contato com alguma coisa que ainda não vi. e não precisa ser algo grandioso não, tá? basta um pensamento. uma palavra. uma história. preciso sentir nas minhas veias que vivi algo novo naquele próximo instante. se não, apenas vegetei. morri. não tem como uma rotina ser levada ao pé da letra. você faz a mesma coisa todo dia, mas você é o mesmo todo dia? você mudou, mesmo o escopo sendo sistemático, a forma de ver sempre tem um novo jeito de ser enxergada. se com esses olhos tiver sido visto.

a minha maior relação diária é a eu vs. o externo. ela muda todos os dias. as outras, mudam minha forma de percebê-la. não tenho como acordar te amando mais ou menos. mas posso ter algum olhar novo sobre você. então, de mim pro mundo, eu vejo isso como a oportunidade de ser diferente outra vez. me dá mais ânimo de vida. como falei antes, todo dia que mudo um pensamento de lugar, sinto que venci mais um dia. sinto que valeu. quando chego no limite da adrenalina > exaustão/sobrecarga. eu preciso enxergar não de uma maneira x ou y, mas ver o óbvio. as cartas sobre a mesa. não o que quer dizer, mas o que de fato, é.

me desligo de lugares que tem muita opinião concentrada, ainda mais em on-line. dou um mergulho fundo. não quer dizer que não continue tendo meus acessos de raiva, tristeza, angústia e até mais picos de extrema felicidade a respeito da vida. mas pelo menos, consegui pensar por mim sem sofrer influências externas.

livre. eu tô na busca por essa liberdade de ser e sentir. mas primeiro, preciso entender o que é. não é fácil traduzir-se pra si mesmo. algumas pessoas passam a vida inteira tentando e não conseguem se comunicar consigo mesmas. isso deve ser angustiante. pode não parecer, mas existem pessoas que fazem totalmente o contrário do que planejaram para si mesmas. vez ou outra me pego desviando na direção desse caminho.

ficar em silêncio e imaginar um mundo ideal, por mais que seja levemente utópico, dá pra viver pelo menos na marginal desse mundo, paralelo, vivendo aliadamente. talvez isso vá o construindo de um jeito bom. ainda não descobri a fórmula mas essa é a minha busca. alinhado à isso, por mais que eu tropece pra caramba e seja altamente controversa comigo em uma parcela de vezes.

tento ao máximo possível me perdoar. isso me cura de mim. assim, sigo em frente mais leve, amiga do que vejo no espelho e sinto dentro. como uma tentativa de apoio às minhas decisões sem me crucificar. se for pra sentir algo extremista, que seja um apoio. escandaloso.

lembro o quanto eu caminhei pra chegar onde eu cheguei. para alguns pode parecer pouco. para outros, muito. mas só importa como eu vejo isso. não me deixando desfiar para as coisas que os outros querem que eu seja. lembrando do que quero ser e sou. por mais difícil que seja, ser sincera. querer ou não querer algo pode ser simples. não causar dor nem danos.

BARROS, joyce gabriella. quinta, 30 de novembro de 2023. 09:39.

ouça no spotify