Admitamos com todas as letras, toda a força da expressão, e toda a aflição: o futuro é assustador. Chico dizia que não tinha medo das coisas mudarem, mas sim de que nada mudasse, contudo, o que denigre toda a nossa força abstrata de vontade mais profunda é o temor pelo desconhecido, pelo saber da não-eternidade das coisas, de uma durabilidade descartável que só perdura enquanto o destino se apropria. O futuro é um vento, um sopro, uma incerteza maligna que somada todos os estigmas comportamentais de uma pessoa anula coisas, e talvez consequências.
Viver sem pensar no dia após não é lá das tarefas mais fáceis pra se levar como lição de casa para a vida, mas é a saída dentre tantas outras, já que está escrito em algum lugar que saber do dia que virá é perigoso e entediante, apaga o fogo e brasa do enigmático presente por ser previsível, trazendo as peças para montagem do quebra-cabeças, estando lá, aguardando vivências, experiências extraordinárias e dezenas de emoções sem que seja aplicável sabê-lo.
Deixar fluir é um acordo com a cadência de cada coisa, é um salto de cabeça em um mar dado à segredos, é confiar nas próprias armas e construir a história sem medo dos finais e dos próprios recomeços.
Joyce Gabriella Barros
Joyce Gabriella Barros