9 de janeiro de 2019

O que o outro escolheu viver não é da nossa conta


E aí alguém importante vem até você, querendo desabar, por sufoco ou simplesmente buscando a canalização de um sentimento que por mais que outrora tenha sanado em poucas partes, necessita de um pouco de atenção antes da morte fatal, de fato. Nós, por muitas vezes querendo demonstrar uma atenção plena ao ocorrido, ou simplesmente mostrar uma importância digna (que vai além dos tempos de WhatsApp), nos posicionamos acerca.

Mas será que é mesmo necessário? Será que a alma do outro clama por algum julgamento vindo de nós? Sim, um juízo de valores. Essa tal palavra, o julgamento, diz tudo: julgar, submeter à apreciação, opinar sobre algo que não está intrínseco à nos ou não nos pertence, e acima disso, por não estar vivendo aquela situação de maneira clara e imersa, faz com que tracemos opiniões dúbias, errôneas e que não são a solução para as lutas do outro, visto que apenas ele tem ciência delas. Saber a hora de falar é uma sapiência, mas ainda mais sensato, é saber a hora de ouvir e retificar: E se fosse comigo ou isso fizesse parte de mim? De que maneira eu agiria ou isso impactaria na minha vida? 

Certamente, devido ao repertório das reações, a diferença que reside em cada um de nós, existiriam milhares de probabilidades em opções de ação, não é mesmo?! Então, talvez, nosso semelhante precise tão somente viver suas escolhas a partir das tantas outras que já fez até ali, pois foram elas que o levaram até lá, e não cabe a nós. Ele pode até custar a encontrar o caminho mais justo, mas o importante é que lá chegará, sempre de acordo com sua cadência e o que carecer para atingi-lo, até porque, convenhamos: o que o outro escolheu viver não é da nossa conta.

BARROS, Joyce Gabriella. 
08 de Janeiro de 2018

24 de setembro de 2018

Dá-lhe voz ao que não pode calar

E por falar em lealdade e sinceridade, por agora, prefiro admitir estar curtindo esses ritmos sem roteiros e definição, ponderando expectativas (assim até as coisas mais simples surpreendem), contrária à necessidade de rótulos: a base de tudo, atrelada à ideia de desprendimento. Reiterando aqui, tenho me tornado fã da liberdade que  nos damos para sentir o que quer que seja. Ser fiel a si é a maior fidelidade de todas, às próprias vontades, às urgências, ao que o coração pede. Admitir a distorção do externo que a sombra do outro causa quando se encontra frente a ela, no sentido de, mesmo liberto a fazer o que queria, abre-se mão, mas não por um simples querer, mas apenas ouvir da boca amarga das vontades que ela só quer estar unicamente de estar ali, só aí dentro. E nada mais importa.
Por agora as coisas são. Amanhã podem não ser, depois também não, e podem voltar a ser de novo. 
Sendo o todo total cíclico, a verdade é que o dom de escolha irradia, apaixona, ainda mais quando existem milhares de opções por aí, mas você só quer estar ali, naquele momento, enquanto poderia estar em qualquer outra parte.  
É bom lembrar que em meio aos parênteses durante a história, existe a possibilidade de sentir que nada muda ela. Aqui aqui, tudo vale até não caber mais; o que não pode é somente fingir ou enganar. De resto, a gente não tá fazendo mal pra ninguém dando voz ao que não pode calar.

BARROS, Joyce Gabriella.