12 de dezembro de 2023

dia____458, belo horizonte 2023: não adianta a insistência ou muito talvez a pressa

oi, eu sou joy e fazem 458 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. é muito engraçado pensar sobre a fluidez das coisas porque eu sempre estou pensando na fluidez das coisas. em como elas apenas são. e nem adianta insistir. depois de finalmente comprar minha própria bicicleta, veio a saga da busca por um capacete de proteção. mas eu, como boa apreciadora da estética, e designer com vênus em touro, tinha em mente um modelo, e COR (principalmente). mas aí comprei um mais ou menos porque me parecia o mais certo a se fazer naquele momento. depois de um tempo, passei adiante. não era ele. comprei outro que chegava mais perto do que eu procurava, mas ainda não me emocionava. coloquei à venda e poucos dias depois acabei vendendo para um alguém de uma forma muito rápida, que me deixou até assustada, algo muito na base da confiança. fiquei sem. encontrei mais um que talvez quisesse, que talvez gostasse, e mesmo ainda não sendo o que eu queria, tentei mais uma vez. a página de vendas, em seus mil e um problemas acabou não efetuando a compra, o que me deixou ainda mais ansiosa. pensei até em pegar um outro ainda mais aleatório, já que eu não conseguia o que eu queria, de fato, e ele estava simplesmente esgotado no site. até que, depois de umas buscas mais intensas, o encontrei em uma loja da cidade vizinha, e consegui: do jeitinho que eu queria. além do mais, ao ir de bike, desfrutei de um caminho belíssimo, num lugar que nunca havia ido e me deixou um saldo de quase 22km rodados. o que eu aprendi com tudo isso é que não adianta a insistência, ou muito talvez a pressa. quando a gente quer uma coisa, vai sempre existir um abismo entre ela e a vontade que não pode ser preenchido com nenhuma outra. se continuarmos andando, vamos percebendo que tudo o que acontece é como uma ponte que vai sendo constituída de experiências para chegar onde queremos chegar. e isso se adapta à várias outras situações da vida, em que eu não devo me apegar ao destino final, mas sempre desfrutar do percurso. ele pode trazer muitos bons momentos, assim como os capacetes que passaram por mim trouxeram, mas se eu tiver confiança de pra onde a estrada vai me levar, jamais precisarei carregar comigo o fardo do sofrimento.

BARROS, Joyce Gabriella. 12 de dezembro de 2023. 

8 de dezembro de 2023

dia____454, belo horizonte 2023: afastamentos não são ruins

oi, eu sou joy e hoje fazem 454 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei.  saímos da vida das pessoas porque não somos capazes de apoiá-las, ou de sentir o que estão se tornando. nos afastamos porque sentimos que não conseguimos contribuir com seu crescimento da maneira que merecem, ou porque perdemos a sintonia com o que está acontecendo em seus corações. não é fácil oferecer apoio a algo que não nos faz vibrar interiormente; isso nos distancia de forma natural. antes de mais nada, ninguém deve ou precisa apoiar ninguém. não é obrigatório. mas é necessário lembrar que aceitar é. gente que incentiva a ser melhor e maior nos conecta com nós mesmos em essência. isso nos ajudam a reconectar com o nosso verdadeiro eu. a verdade é que as relações se desfazem quando não conseguimos apoiar as ambições e os sonhos uns dos outros. cada pessoa está em sua própria jornada, com metas e desafios únicos, e encontrar aqueles que podem nos apoiar nesse caminho é algo de grande valia. a vida é como um rio, fluindo e nos levando a novas experiências. é tão natural passarmos por fases nada a ver uma com as outras - mas que no fundo se conectam -, assim como as estações mudam. o segredo está em abraçar essa fluidez com leveza e aceitação. ao deixarmos ir o que já não nos serve mais, permitimos espaço para o novo florescer. é como soltar delicadamente uma pena ao vento, permitindo que ela siga seu próprio curso. nosso coração e nossas aspirações são como borboletas, livres para voar e buscar o que os faz elevar. aceitar quem somos, no momento presente, e abraçar a constante ressignificação é um ato de amor-próprio. afinal, só o que é essencial se mantém de pé. se sentirmos a chamada para provocar mudanças, que possamos fazer isso com a gentileza de quem planta sementes. é nas pequenas escolhas diárias que encontramos a magia da transformação. eu espero poder me lembrar que a cada dia de que somos como flores desabrochando e respondendo às carícias do vento da transmutação. e, acima de tudo, que possamos compartilhar esse abraço acolhedor com nós mesmas e com aqueles que cruzam nosso caminho dia após dia. quando percebemos disparidades no caminho e no apoio, pode ser um sinal valioso de que é hora de cuidarmos de nós mesmas. abrir mão não significa desistir, mas sim reconhecer a importância de preservar nossa paz interior e bem-estar. se sentirmos que não estamos recebendo o apoio necessário para florescer e seguir nosso verdadeiro caminho, é um ato de amor próprio considerar a possibilidade de abrir novos horizontes. isso implica em soltar suavemente as conexões que não estão mais alinhadas com nosso crescimento. cada jornada é única, e nem sempre é fácil dar esse passo. cuidar de si é um gesto poderoso e necessário. é como regar as flores do nosso jardim interno para que possamos continuar a florescer e brilhar. o desapego, nesse contexto, é um ato de autocompaixão. abrir mão de algo que não está contribuindo para nosso bem-estar pode criar espaço para novas oportunidades e relações que estejam mais alinhadas com quem somos e o que buscamos na vida. a gente só precisa se ouvir mais um pouquinho e confiar na profunda sabedoria do coração, e se sentir que é hora de seguir em frente, que seja feito com gentileza e amor. todos nós merecemos caminhar em direção à luz que ilumina nossa autenticidade.

BARROS, Joyce Gabriella; sexta-feira, 8 de dezembro de 2023.