19 de janeiro de 2024

dia____496, belo horizonte 2024: agradeço por ter voltado viva pra casa

oi, eu sou joy e fazem 496 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. fui pro dia 4 do meu desafio pessoal e por pouquíssimo não adiei, não desisti. era tarde, o dia estava um pouco nublado, o que me fez ativar o modo "deixa eu dormir mais um pouquinho" no despertador, mas mais uma vez, meu cachorro não deixou e eu tive que sair pra volta matinal dele. o que é bom, de certa forma, porque são minutos decisivos e me fazem acordar de verdade. ver o mundo, sentir a energia do sol é saber que mais um dia começou a não dá pra parar ou ficar dando desculpas pra não fazer o que tem que ser feito. eu sei, não tem ninguém me vendo, mas eu preciso ser fiel ao que me prometi. é tão simples. tão fácil. só eu quem poderia ser capaz de dificultar as coisas, de colocar pedras onde não tem. mesmo que as rodovias estejam sempre lotadas, o trânsito não colabore muito, algumas loucuras precisam ser levadas ao extremo. no treino do dia, por exemplo, fui surpreendida ao ver um maluco pendurado num ônibus em alta velocidade. cada curva era um suspiro pensando que ele poderia cair a qualquer momento. sério, era como aquelas cenas de fuga nos filmes de ação. e a galera nas ruas indo à loucura ovacionando ele a cada manobra arriscada que o motorista fazia e ele só precisava se equilibrar em meio ao risco. em alguma dessas horas eu também arrisquei. tentei disputar velocidade com o mesmo ônibus pra tentar me salvar, e ir para o minha zona segura, que é perto do meio-fio (acredito eu). foi um passo que poderia ter me custado a vida, ou pelo menos algum acidente, mas, petulante como sou, eu quis sentir um pouco da adrenalina da disputa de segundos. como citei anteriormente, alguns pontos soam como obstáculos que eu vibro a cada vez que os supero. todos os dias, as mesmas dificuldades de cruzá-los, e a paz paira, quando ultrapassados. quando perto do caminho de casa, fiz a ultrapassagem de um carro parado pela direita, quase engolida por um bueiro e batendo o retrovisor do carro, uma mulher dentro num tom de reclamação ou preocupação algo falou mas eu nem dei tanto cartaz, acho que eu não estava tão certa. pra eles, os ciclistas nunca estão. de toda forma, não há respeito de ambos os lados. quem é mais forte sempre prevalece. e é mais um dia que eu agradeço por ter voltado viva pra casa. 

BARROS, Joyce Gabriella. 19 de janeiro de 2024.

18 de janeiro de 2024

dia____495, belo horizonte 2024: un día a la vez

oi, eu sou joy e hoje fazem 495 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. tô no terceiro dia do desafio pessoal que eu me propus a fazer, e sabe o que é mais louco? a cabeça fica tentando auto sabotar a gente a qualquer custo. só são três dias até agora, tenho ido além da meta, me superado, mas ela já tá pensando no, sei lá, dia 17. coisas do tipo: "e se eu tiver que pular um dia?""e se eu não manter o ritmo?" "e se eu ficar muito cansada?" milhares de coisas me atordoando a todo instante e eu só quero parar essas vozes que intercalam entre >talvez eu não vá conseguir< com >caraca, tu é f0da, tá se superando, continua no teu tempo< são duas pessoas completamente diferentes falando. mas de verdade, eu espero que no fim das contas eu saia com uma clareza mental maior e o silêncio de paz seja meu maior troféu por mais uma vez poder dizer que foi melhor que eu esperava e que não precisava de tanto drama ou achar que poderia rolar alguma coisa errada, porque a gente sabe, no fim da TUDO certo e se não deu certo é porque o negócio ainda tá rolando, parafraseando um clássico pensamento do fernando sabino. acordei mais tarde do que o habitual, por volta das 7:20h (meu dog, meu despertador), tomei um cafezinho sem açúcar, enrolei por aproximadamente 1h, e me empurrei. na verdade, me forcei. na cabeça, os grandes desafios: trânsito engarrafado, sol, calor, motoristas ansiosos (assim como eu, haha) e outras coisas que quem não gosta muito de andar pela ciclofaixa enfrenta (não se podem pedalar além de 20km/h lá), e que a meta é sempre ir cada vez mais rápido procurando sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, respeitar as regras de trânsito, não é mesmo? fiz meu segundo melhor tempo - o atual é 22.24km em 57'22". e é isso, todo dia 1% a mais fazendo o que dá sem arregaçar limites. sem falar que fui com uma dor de cabeça infinita, proveniente do meu desague de ontem a noite. sim, eu chorei, com todas as minhas forças. depois do meu pet ter olhado no fundo da minha alma com aquelas pupilas altamente dilatadas que agiram como um desentupidor de toda mágoa que há no mundo, chorei rios e pedi uns perdões para quem precisava pedir. sobretudo pra mim. pra lembrar que tem coisa que a gente replica não porque somos pessoas más, mas porque estamos condicionadas. e a partir do momento em que percebemos isso, a chave vira, porque temos a oportunidade de agir de uma forma melhor numa próxima vez. haverá próximas vezes? a gente nunca sabe, mas o otimismo sempre diz que sim. e vamo que bora, o presente é mesmo um presente. hora de abrir. porque é sempre assim: un día a la vez.

BARROS, Joyce Gabriella. 18 de janeiro de 2024.