Um olhar que briha
Que sorri a tua arcada
A toda vez que te lembra
A toda vez que te fala
Seria temperamental
se não soasse tão peculiar
em sua libertina órbita de girar
nos entornos de um mundo tão silencioso como o meu?
Atemporal temporário
Pés no chão
Soluço no aorta
amanhã, que te importa?
Vai e volta pingue-pongue
Ousadia em ser
Escutar, ato raro
Um desafio à solidão
Sorriso impetuoso
Que desarma qualquer soldado
À par de uma guerra
Cartazes que não dou
Certezas que não tenho
Eu fico
Pelo bem de uma nação
de um coração
e dos espíritos que se cruzam
em meio a multidão
Joyce Gabriella Barros
9 de fevereiro de 2015
8 de fevereiro de 2015
Futuro Infinitivo
Admitamos com todas as letras, toda a força da expressão, e toda a aflição: o futuro é assustador. Chico dizia que não tinha medo das coisas mudarem, mas sim de que nada mudasse, contudo, o que denigre toda a nossa força abstrata de vontade mais profunda é o temor pelo desconhecido, pelo saber da não-eternidade das coisas, de uma durabilidade descartável que só perdura enquanto o destino se apropria. O futuro é um vento, um sopro, uma incerteza maligna que somada todos os estigmas comportamentais de uma pessoa anula coisas, e talvez consequências.
Viver sem pensar no dia após não é lá das tarefas mais fáceis pra se levar como lição de casa para a vida, mas é a saída dentre tantas outras, já que está escrito em algum lugar que saber do dia que virá é perigoso e entediante, apaga o fogo e brasa do enigmático presente por ser previsível, trazendo as peças para montagem do quebra-cabeças, estando lá, aguardando vivências, experiências extraordinárias e dezenas de emoções sem que seja aplicável sabê-lo.
Deixar fluir é um acordo com a cadência de cada coisa, é um salto de cabeça em um mar dado à segredos, é confiar nas próprias armas e construir a história sem medo dos finais e dos próprios recomeços.
Joyce Gabriella Barros
Joyce Gabriella Barros
2 de fevereiro de 2015
Escândalos Neonasais
Não sei lidar com oscilações mentais. Sobretudo as que dizem respeito a mim. Um vazio globular preenche o peito de lava quente e esfria o leito sem hesitar, as palavras nunca devoradas suprimem qualquer ânsia estomacal profunda. Antigamente, era plausível saber o que fazer, tal qual como corresponder às invariabilidades da existência. Prazer de abrir as asas, ecoar em um moinho feito água na pedra, ganhar o mundo e ser vento da natureza inconstante.
Eu, tão pássaro, tão alto voo, não me basta poder caminhar caminhos, tropeçar em espinhos e alçar o meu lugar, só me resta estar sozinho, desvairando meu pobre e promissor destino, sucumbir com clareza os devotos desejos secretos da minha alma caluniosa que mente pro seu próprio carma quando lhe convém. Antífonas menos sonoras expressariam exatamente o que eu dizia agora, era catarse, ou uma leve mimese de algo que eu não sabia até ontem?
Hoje, provo a eu mesmo que a carne traz dentro de si um vazio indestrutível que perdura quanto menos posso me embriagar de conjecturas afáveis, e, certa de que sim, espalho coisas sem saber ao chão, na certeza de que o que deixei, verei de longe sem poder tocar, por ter asas de mais pra ficar ao relento do solo, e uma manada de sonhos pra não subir mais fundo, a penetrar galáxias de experiências e sentimentos desconhecidos fruto de toda e qualquer exploração de encantamento ínfimo, a pele fulgaz de quem não sabe o que quer, mas tem o mar atracado no porto que não faz raízes, porque sua casa é qualquer lugar.
Joyce Gabriella Barros
Joyce Gabriella Barros
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