29 de janeiro de 2016

Uma pitata de quereres

A vontade mais concreta do momento é rasgar a pele e libertar todas as palavras de dentro para rabisca-las sem sentir, no céu. Quero mirar no futuro com o pé firme no paraíso do presente. É amargo não saber. Voltar sedenta com a luz daquilo que faz falta sem saber do quanto é necessária, uma falta de agir imprópria e que não fere com facilidade, mas deixa cicatrizes profundas no inestimável.


Só de pensar na diferença que faz de tudo aquilo que já ousou possuir, há medo do presságio em regressos. Sirenes gritam ao relento sem saber ao certo a quem pedir um alicerce corretamente. E se conforma, em controvérsia ao que queria extravasar esperando uma favorável troca em comum tão condizente quanto o proferido, levando em consideração de que nada no mundo é tão equivalente quanto a nostalgia do que outrora não está no mesmo lugar, mas elevou-se de tal maneira que acabou se tornando metaforicamente segmentado e mecânico, apesar de seus contrastes.
Joyce Gabriella Barros.

21 de janeiro de 2016

Amor de verdade

Amor de verdade não acaba, sobrevive às intempéries e, mais precisamente, a força do tempo, preciso, sagaz, e que, como diria Gaspar Noé, "destrói tudo", o amor verdadeiro percorre a luz em direção ao infinito, traça consigo mesmo o caminho inesgotável e volátil, segue transparente e se faz forte para poder nos alcançar. 
Amor de verdade está intrínseco à pele, não se traduz como solidão, vem em forma de aconchego mesmo em amplitudes distantes. O amor, aquele amor de verdade, não faz planos, sobrepõe as metas que questionara existir, contudo, o amor de verdade, tem plena convicção do querer presente da presença do outro no dia de amanhã - apesar da não sapiência de sua existência - fazendo com que as aspirações extrapolem o individual em particularidade com as exceções. Não, o amor de verdade não se esgueira, nem se curva em meio a turvalidade do que antes, sobrevoava em transparência. É grato, sem fim, e em cada gesto, fazendo questão de receber o outro como a visita preferida do seu lar. Amor de verdade não é intuitivo, logo, que não seja condenada a existência de sua predestinação, e não subestima sua própria capacidade, não multiplica seus sentimentos em busca de resultados inesgotáveis, não se exausta e nem serve de consolo para estradas controversas. 
Amor de verdade envolve como uma cápsula e estende o silêncio como ajuda e ponto de resiliência para toda calma. Há inúmeros questionamentos sobre a relação do amor além da vida, o amor que não acaba, mesmo quando tudo acabou dentro de nós, mas amor de verdade, se sobrepõe a isso, pois o amor sabe quando é mais do que um corpo em brasa vivendo e enfatizando sua própria existência. Amor de verdade não corrompe as expectativas. Não oculta o desatino, não tem medo de fidelizar os seus princípios, cura, ao mesmo tempo que domina os instintos mais vis. 
O amor pode até ser vivido mil vezes em uma só vida, mas o amor de verdade, quando dada a hora de sua chegada, não bastará, pois mil vidas não serão suficientes para vivê-lo simplesmente em sua intensidade de querer-se a si mesmo para outorgar-se ao outro.

6 de Janeiro de 2016 04:17am. Chicago, IL, USA.

Joyce Gabriella Barros.