O Grito, Edvard Munch, 1893 |
Hoje mais cedo, a minha consciência passou por um forte processo de desígnio, a mente em êxtase clamava por uma modificação do estado normal de algo muito particular.
Efluía de dentro,
do âmago.
Há muito tempo,
algo em mim pedia socorro,
gritava por atenção,
queria ser visto.
De todas as formas, essas condições tentaram se revelar para que eu pudesse perceber o que estava distante, errado, passível de correção, e eu, com a capacidade pouco difusa de observação, ignorei, calei, deixei estar. Sim, eu passei perto, foi por pouco. Quase faltou ar. Tentando esquivar-se da evolução para algo muito pior e talvez irreversível, colido com a surdez, ao ouvir a emissão de uma voz em tom agudo e elevado suplicando para ser posto fora à força do corpo, quase numa síncope. Foi sugestivamente suasório, a intensidade de sua aparição foi tão cruel, que deixou feridas e resquícios que levarão um bom tempo para serem extintos, embora admitindo crença na energia das consequências do inconsciente, na razão, no propósito e o fato de absolutamente nada vir a tona fortuitamente.
Um episódio alastrado de realidade, contudo, confundido com um sonho. Um chamado, a prova de que um apanhado de posturas merecem revisão.
E sob tais conjunturas, me propus a engatar uma nova condição - e travar as velhas -, tocar as mãos uma à outra para agradecer pela capacidade de discernimento que ao sorrir em minha direção, me impediu de atos pérfidos contra si, com todas as garantias à mim e ao amanhã, que arcarei com todos os ciclos que foram abertos, e a partir de agora se encontram declaradamente dados por encerrados, para que novos começos venham e calcem alavanques infinitos.
Mudanças ascendem. Erros, carregam lacunas de regressão. É preciso arriscar-se, mudar o endereço dos medos e das dores, segurar com peito de ferro as rédeas de toda e qualquer situação contraditória da conduta.
Joyce Gabriella Barros.