Você tem sua música preferida, tem seus sonhos depositados no filtro de um aquário, com reminiscências mágicas que enclausura qualquer pesadelo em dia ruim, escolhas particulares que condensam e transcendem o que você significa, bem como a razão e transparência da existência encaminhado por tudo aquilo que você transmite e tem transmitido. E tudo isso nem sempre está situado na efemeridade do presente.
Nesse sentido, Leminski diria:
"O que o amanhã não sabe,
o ontem não soube.
Nada que não seja hoje,
jamais houve".
O que determina o que virá? Segundos planos, ações deliberadas inconscientemente sobre aquilo que não se sabe se irá emergir à superfície?
Não é possível que seja errado considerar situações a partir de sua eternidade em um instante, da unicidade de algo que não será nunca mais do jeito que acabou, tal qual a tenacidade de um porquê desprovido de questionamentos supérfluos. Fatos não se repetem, e parafraseando Parmênides (502 a.C), não banharemo-nos em um rio com a mesma água, pois ao passo que correm, elas não são mais as mesmas, assim como nós, não o seremos outra vez. Somos sempre outros, estamos sempre sofrendo profundas e dolorosas transformações que ora nos enobrecem, ora nos desconjunturam por completo.
Então por que negar a eternidade de um instante? Por que não fluir com ele, sempre, como se fosse um ciclo de constantes primeiras vezes? Assim como tudo que é sólido desmancha no ar (Berman, 1997), no sentido mais claro da palavra, partículas do que está sendo nesse instante em breve virarão poeira do pretérito...
"essa é a melhor viagem da minha vida",
"realizei o maior sonho que eu tenho",
"transpus barreiras que jamais correria",
"corri riscos impagáveis",
"fiz juras eternas que não achei que quebraria",
"você é o amor da minha vida",
mas que vida?
Existem uma infinidade de vidas dentro de uma só vida,
e ela recomeça, todos os dias.
Você é o amor da minha vida agora.
No tempo exato dessa vida, até que venham outras,
até não tornem a este plano nunca mais.
Por hoje é só.
Amanhã tem mais.
Mas quem garante que haverá?
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BARROS, Joyce Gabriella.
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BARROS, Joyce Gabriella.