9 de janeiro de 2019

O que o outro escolheu viver não é da nossa conta


E aí alguém importante vem até você, querendo desabar, por sufoco ou simplesmente buscando a canalização de um sentimento que por mais que outrora tenha sanado em poucas partes, necessita de um pouco de atenção antes da morte fatal, de fato. Nós, por muitas vezes querendo demonstrar uma atenção plena ao ocorrido, ou simplesmente mostrar uma importância digna (que vai além dos tempos de WhatsApp), nos posicionamos acerca.

Mas será que é mesmo necessário? Será que a alma do outro clama por algum julgamento vindo de nós? Sim, um juízo de valores. Essa tal palavra, o julgamento, diz tudo: julgar, submeter à apreciação, opinar sobre algo que não está intrínseco à nos ou não nos pertence, e acima disso, por não estar vivendo aquela situação de maneira clara e imersa, faz com que tracemos opiniões dúbias, errôneas e que não são a solução para as lutas do outro, visto que apenas ele tem ciência delas. Saber a hora de falar é uma sapiência, mas ainda mais sensato, é saber a hora de ouvir e retificar: E se fosse comigo ou isso fizesse parte de mim? De que maneira eu agiria ou isso impactaria na minha vida? 

Certamente, devido ao repertório das reações, a diferença que reside em cada um de nós, existiriam milhares de probabilidades em opções de ação, não é mesmo?! Então, talvez, nosso semelhante precise tão somente viver suas escolhas a partir das tantas outras que já fez até ali, pois foram elas que o levaram até lá, e não cabe a nós. Ele pode até custar a encontrar o caminho mais justo, mas o importante é que lá chegará, sempre de acordo com sua cadência e o que carecer para atingi-lo, até porque, convenhamos: o que o outro escolheu viver não é da nossa conta.

BARROS, Joyce Gabriella. 
08 de Janeiro de 2018