21 de janeiro de 2016

Amor de verdade

Amor de verdade não acaba, sobrevive às intempéries e, mais precisamente, a força do tempo, preciso, sagaz, e que, como diria Gaspar Noé, "destrói tudo", o amor verdadeiro percorre a luz em direção ao infinito, traça consigo mesmo o caminho inesgotável e volátil, segue transparente e se faz forte para poder nos alcançar. 
Amor de verdade está intrínseco à pele, não se traduz como solidão, vem em forma de aconchego mesmo em amplitudes distantes. O amor, aquele amor de verdade, não faz planos, sobrepõe as metas que questionara existir, contudo, o amor de verdade, tem plena convicção do querer presente da presença do outro no dia de amanhã - apesar da não sapiência de sua existência - fazendo com que as aspirações extrapolem o individual em particularidade com as exceções. Não, o amor de verdade não se esgueira, nem se curva em meio a turvalidade do que antes, sobrevoava em transparência. É grato, sem fim, e em cada gesto, fazendo questão de receber o outro como a visita preferida do seu lar. Amor de verdade não é intuitivo, logo, que não seja condenada a existência de sua predestinação, e não subestima sua própria capacidade, não multiplica seus sentimentos em busca de resultados inesgotáveis, não se exausta e nem serve de consolo para estradas controversas. 
Amor de verdade envolve como uma cápsula e estende o silêncio como ajuda e ponto de resiliência para toda calma. Há inúmeros questionamentos sobre a relação do amor além da vida, o amor que não acaba, mesmo quando tudo acabou dentro de nós, mas amor de verdade, se sobrepõe a isso, pois o amor sabe quando é mais do que um corpo em brasa vivendo e enfatizando sua própria existência. Amor de verdade não corrompe as expectativas. Não oculta o desatino, não tem medo de fidelizar os seus princípios, cura, ao mesmo tempo que domina os instintos mais vis. 
O amor pode até ser vivido mil vezes em uma só vida, mas o amor de verdade, quando dada a hora de sua chegada, não bastará, pois mil vidas não serão suficientes para vivê-lo simplesmente em sua intensidade de querer-se a si mesmo para outorgar-se ao outro.

6 de Janeiro de 2016 04:17am. Chicago, IL, USA.

Joyce Gabriella Barros.

1 de dezembro de 2015

Energias da última sexta-feira de novembro

Sabe que eu vejo muita consistência no uso do álcool? Primeiramente porque acabei de fazer uso dele, em uma dose exageradamente rápida e aguçada, com uma pequena procedência de vontade de que o efeito fosse assim, instantâneo. Sinto ondas percorrerem pelo meu corpo e sabores coloridos que afagam minhas ânsias. Só o álcool pra me alimentar. Me vejo transbordar em gostos, nesse vazio que me faz sentir pequena aos olhos do mundo, e sem voz, calo tranquila, deito, sobretudo, na vontade de que o amanhã não me pertença, e faço pouco caso da vida, como se não ela fosse trágica o suficiente para nunca me abalar. 
Eu gosto das chegadas e das partidas, mas tenho apreço continuo e contributo para o espaço de tempo e razão que se encontra no meio termo: a tal da saudade. 
É uma falta dos sintomas que atracam minhas angústias de só alguém que sabe, tão silenciosamente me entender. Não há sufoco e desatino, é só uma maldita forma de compreensão que eu não encontro com totalidade tão simplesmente. E basta, sigo cega, sonhando que de uma maneira ou de outra, a plenitude me pertença, e falta um ar, porque o primeiro deles, meu querido álcool, fez meu mundo desabar quando pôs os pés no chão.
Joyce Gabriella Barros.