13 de abril de 2016

Da série: Elogios, catapulta de alavanques

Imagem: Zé Burnay, ilustrador e designer gráfico lusitano.
Dizem que elogios não rendem, que postergam a estirpe do topo e a boa e velha crítica é o combustível para tal. Será? Saltando para a ala da pessoalidade, afirmo, elogios atuam sobre mim como uma força catapultesca a me lançar em pleno ar. Incentivam, regam - em alto e bom som - para que eu floresça. Entretanto, qual o poder da crítica? Nos mais fortes (relativamente falando), tomá-la como apoio, sem inferir jamais a sua terna confiança, não é concebido como injúria. Em relação à outrem, exala uma infinidade de sentimentos relacionados às feridas na auto-estima, fazendo com que selos da cabisbaixisse permeiem, entre campos que poderiam pairar sobre os efeitos dentro de um hiato, o ato, e destrói o castelo antes mesmo de ser erguido. Claro, é dicotômico: há aqueles, masoquistas, que cultivam júbilo ao passar por cima dos receios ou dúvidas dos postos contra, evocando represálias. Nesse sentido, não parece haver algo melhor do que a inspiração de um elogio encantadoramente sincero. Isso, porque de fato, nasce ali, um esforço para atingir a excelência, vestido de superação, de viajar-além. E é disso que somos feitos, escadas, degraus que compunham desmedidas que pouco a pouco nos impulsionam; uma crítica, nas mãos de um devastador de sonhos, pode derrubar um conselho de ideias, e consequentemente, gerar desacreditamento da vida. Eu juro que gostaria de ver as duas faces da história, a quê são movidas as hipérboles de um elogio ou a peleja de uma crítica, para comparar qual dos caminhos afeta melhor a lei de que você não precisa de ninguém além de você mesmo para contar a própria história, mas, provavelmente, o primeiro não atenta às dúvidas. No mais, toda forma de elogio é bem-vinda, alicercílica
Joyce Gabriella Barros.
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* catalputesca: relativo à catapulta.
   cabisbaixisse: // cabisbaixo.
   alicercílica: // alicerce.

28 de março de 2016

Um grande jogo de adição

Uma reflexão que a muito tem pairado dentro em mim, é a de que, sem dúvidas, nunca considerei uma frase tão incoerente quanto "a pessoa certa aparece após todas as erradas". Você deve estar se perguntando, 'tá, mas e daí?'. 
Primeiro: Há realmente um tipo de pessoa errada? E se há, quais os parâmetros condizentes que acometem essa definição?
Segundo: O que é certo para você, pode ser errado pra mim, e vice-versa. 
Muito pelo contrário e evadindo-se da ideia de amor romântico para evitar possíveis segregações e aumentar a escala de gradação para pincelar uma certa generalização, também, considero que a soma das nossas experiências, aventuras e um outro conjunto de fatores - de uma lista imensa na qual eu não ouso mencionar -, define direta ou indiretamente quem nós somos, vivências essas, que consequentemente trouxeram vários transeuntes das mais variadas mesclas de sabores para as nossas tão fluidas vidas. Esses seres, que adentraram nossa órbita sabe-Deus-lá-como, nos ajudaram a montar e organizar as perspetivas para o que podemos chamar de personalidade, ou meros reforços de escudo, algo que pode ser moldado ao longo do tempo, e esculpido com maestria conforme o senhor do destino avança ou se esvai, como queira. 
O fato é, igualmente, que ninguém vem por acaso, cada um existe pra deixar marcas na vida de outrem, como meros figurantes ou coadjuvantes, mestres na arte de não simplesmente socializar, mas de trazer mais de si, em forma de escala de tons, incidência de luz, e deixar seus rastros no mais profundo de nós, e sem perdermos as raízes, essas pessoas um dia simplesmente vão embora, por terem cumprido por absoluto o seu dever na Terra, ou, solenemente, nas nossas vidas, e não por isso deixaram de existir, ou até deixam, devido a uma mágoa, ou desastre anterior. Por isso somos tão diferentes; um conjunto variado e desordenado de relações (inter)pessoais onde temos a habilidade de sermos inigualáveis, e sem roteiros convictos a serem seguidos.
É preciso deixar ir, porque as pessoas, assim como as estações, passam, mas do contrário, não são cíclicas, estão e se vão para nunca mais, por já terem fincado a sua bandeira contribuitiva em nós. Portanto, apesar dos pesares, não culpemos quem passou pela nossa vida como o Sol em um dia nublado, ou durou, extrapolando as contas. Se ela esteve ali, saltitando limites, é mais uma prova de que de uma grande parte do que há em você, veio de carga somatória. 
E não, você não precisa dever isso à ela. Somos fruto de um grande jogo de adição de erros e acertos, componentes de um todo, que recuso a não submeter.
Joyce Gabriella Barros.