Foto: Blog Aroma Essencial |
Sob o balanço noturno das persianas e a glória do quarto escuro, me prendo à pelúcia carinhosamente chamada pelo teu nome no diminutivo, perfumada com teu aroma, que penetra com minúcia as mais secretas memórias do âmago. Despertam sensações dos últimos trezentos e sessenta e cinco dias que fluíram.
Uma dose pro olfato,
precedido de arrepio.
Sinopse de emoções em baixo relevo,
precedido de arrepio.
Tua imagem enclausurada na mente,
precedido de arrepio.
A ligação mais forte de passado, presente e perfume.
Você.
Arrepio. Tua voz, tua lembrança, os riscos que perambulam por te pertencer em cada vinda que se estende e posterga novos inícios. As armadilhas que se lançam a cada vez que uma palavra é proferida em um recinto errôneo, e abre passagem para uma luz que não é própria, despertando amarguras ou posses que emergiam e não sucumbem para este fim.
Teletransportes transmitidos encadeadamente pelos esquemas magnéticos do coração dos quais você se enraíza deliberadamente, cogitando a ideia de o relógio das horas indicar a saudade, no solar do seu intenso declínio, que não pode parar, não postergando o sossego pra depois, por já conhecer os reflexos do gosto doce da presença.
É pensamento-brasa que ecoa com afinco, e transmite todas as vertentes emocionais do gosto vivo por algo que não se sabe o quê, projetadas para existirem fora do acaso, atrelado à robustez que não dorme enquanto não termina, e se dão por satisfeitas a todas as vezes que retorna à superfície e lá está você, de braços amarrados pronto para alavancar com entusiasmo a proteção que mais parece divina, aliando o sorriso de origem eufórica à luz que alivia qualquer cansaço, e anula sentimentos adjacentes outrora confundidos com aniquilamento à sobriedade, transformando em luz que quer viver,
permanecer
e enaltecer frutos nossos,
por conseguinte, severamente, sob nenhuma forma de desintegração
para a desconhecida posteridade.
BARROS, Joyce Gabriella. 12 de Dezembro de 2016.