11 de setembro de 2019

Um solilóquio sobre Inhotim (Brumadinho/MG)


Depois de caminhar quase 20km, com hipérbole mesmo porque sou exagerada, e mais precisamente 17,7km, viver sensações incríveis e impossibilitadas de descrição: só vivendo pra crer, eu sei.
Que experiência incrível. Uma sala com alto relevo, com colchões, outras muito escuras onde só existia eu e mais ninguém. Algumas tive medo, algumas quase chorei, mas os olhos marejavam. Quando eu me sentia mais só, era quando eu me sentia mais íntegra. Mais me pertencia. Parecia, que naquele momento de profundo foco no agora, eu sentia minha alma, eu existia. E pra ser mais exata não havia mais nada no universo além daquele momento.


No dia de hoje eu pude desfrutar de imensas sensações. Alguns surtos de ansiedade, mas agora, vendo o passeio quase chegando ao fim e sentada no meio de árvores tão gigantes quanto edifícios de uma selva de pedras, eu digo e repito: está entre as mais extraordinárias que já vivi. Foi ainda mais imensa por eu tê-la desfrutado em minha própria companhia. Tive algumas oportunidades iniciais de fazer bons amigos para que fôssemos companheiros um do outro, fotógrafos um do outro. Mas eu não trocaria a vastidão de impressões ao descobrir cada parte de um todo sem seguir roteiros e ainda assim, ter percorrido praticamente tudo.

Meu ritmo, minhas regras, minhas escolhas, dona de mim e de cada coisa que eu fazia. A mesma sensação que senti ano passado, de ninguém saber onde eu estou no mundo, de certa forma. Ou até, embora soubessem, não havia como encontrar-me. Nada se compara aos caminhos onde só haviam pedras, árvores, mata, céu, natureza e beleza sem fim. A melhor escolha, o melhor programa que eu poderia ter feito hoje. Mais uma comprovação exata de que eu guardo dentro de mim a melhor companhia do mundo pra mim mesma, sem exageros, mas já exagerando, como fiz lá no início.

Ps: na contagem final dos km rodados, cheguei aos 19,9km, então estive certa em exagerar.

Ah, e antes de mais nada, o transfer BH - Inhotim ficou por conta da empresa Belvitur. Custou R$66,00 + R$22,00 meia entrada no museu e a saída foi às 8h30 da manhã / volta 17h30. É imperdível!

Brumadinho/MG
25 de Agosto de 2019.
BARROS, Joyce Gabriella.

9 de janeiro de 2019

O que o outro escolheu viver não é da nossa conta


E aí alguém importante vem até você, querendo desabar, por sufoco ou simplesmente buscando a canalização de um sentimento que por mais que outrora tenha sanado em poucas partes, necessita de um pouco de atenção antes da morte fatal, de fato. Nós, por muitas vezes querendo demonstrar uma atenção plena ao ocorrido, ou simplesmente mostrar uma importância digna (que vai além dos tempos de WhatsApp), nos posicionamos acerca.

Mas será que é mesmo necessário? Será que a alma do outro clama por algum julgamento vindo de nós? Sim, um juízo de valores. Essa tal palavra, o julgamento, diz tudo: julgar, submeter à apreciação, opinar sobre algo que não está intrínseco à nos ou não nos pertence, e acima disso, por não estar vivendo aquela situação de maneira clara e imersa, faz com que tracemos opiniões dúbias, errôneas e que não são a solução para as lutas do outro, visto que apenas ele tem ciência delas. Saber a hora de falar é uma sapiência, mas ainda mais sensato, é saber a hora de ouvir e retificar: E se fosse comigo ou isso fizesse parte de mim? De que maneira eu agiria ou isso impactaria na minha vida? 

Certamente, devido ao repertório das reações, a diferença que reside em cada um de nós, existiriam milhares de probabilidades em opções de ação, não é mesmo?! Então, talvez, nosso semelhante precise tão somente viver suas escolhas a partir das tantas outras que já fez até ali, pois foram elas que o levaram até lá, e não cabe a nós. Ele pode até custar a encontrar o caminho mais justo, mas o importante é que lá chegará, sempre de acordo com sua cadência e o que carecer para atingi-lo, até porque, convenhamos: o que o outro escolheu viver não é da nossa conta.

BARROS, Joyce Gabriella. 
08 de Janeiro de 2018