oi, eu sou joy e fazem 458 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. é muito engraçado pensar sobre a fluidez das coisas porque eu sempre estou pensando na fluidez das coisas. em como elas apenas são. e nem adianta insistir. depois de finalmente comprar minha própria bicicleta, veio a saga da busca por um capacete de proteção. mas eu, como boa apreciadora da estética, e designer com vênus em touro, tinha em mente um modelo, e COR (principalmente). mas aí comprei um mais ou menos porque me parecia o mais certo a se fazer naquele momento. depois de um tempo, passei adiante. não era ele. comprei outro que chegava mais perto do que eu procurava, mas ainda não me emocionava. coloquei à venda e poucos dias depois acabei vendendo para um alguém de uma forma muito rápida, que me deixou até assustada, algo muito na base da confiança. fiquei sem. encontrei mais um que talvez quisesse, que talvez gostasse, e mesmo ainda não sendo o que eu queria, tentei mais uma vez. a página de vendas, em seus mil e um problemas acabou não efetuando a compra, o que me deixou ainda mais ansiosa. pensei até em pegar um outro ainda mais aleatório, já que eu não conseguia o que eu queria, de fato, e ele estava simplesmente esgotado no site. até que, depois de umas buscas mais intensas, o encontrei em uma loja da cidade vizinha, e consegui: do jeitinho que eu queria. além do mais, ao ir de bike, desfrutei de um caminho belíssimo, num lugar que nunca havia ido e me deixou um saldo de quase 22km rodados. o que eu aprendi com tudo isso é que não adianta a insistência, ou muito talvez a pressa. quando a gente quer uma coisa, vai sempre existir um abismo entre ela e a vontade que não pode ser preenchido com nenhuma outra. se continuarmos andando, vamos percebendo que tudo o que acontece é como uma ponte que vai sendo constituída de experiências para chegar onde queremos chegar. e isso se adapta à várias outras situações da vida, em que eu não devo me apegar ao destino final, mas sempre desfrutar do percurso. ele pode trazer muitos bons momentos, assim como os capacetes que passaram por mim trouxeram, mas se eu tiver confiança de pra onde a estrada vai me levar, jamais precisarei carregar comigo o fardo do sofrimento.
BARROS, Joyce Gabriella. 12 de dezembro de 2023.