Abro a janela. Encontro um pássaro amarelo, que possui olhos brilhantes como o sol e profundos como o mar. Suas penas balançam ao vento e seu canto, melodia. Ele veio aqui apenas por mim, e sua vinda apenas um significado. Debaixo de suas belas asas ele trazia um bilhete para mim que dizia: "Você morrerá amanhã cedo ao acordar. Não terá uma morte trágica, pois ao longo de sua vida você soube perdoar. Na próxima vez que acordar, sua face não estará mais presente nesse plano. Não se preocupe, você fará uma viagem, logo mais nos encontraremos. Bons sonhos." Sem saber como reagir, chorei.
E logo procurei acalmar-me. - Eu era independente, tinha minha casa e o meu cachorro, que aliás, era lindo. Mesmo isso sendo muito clichê, eu era uma executiva de sucesso em uma grande empresa, onde costumava sempre me destacar pela minha liderança. Tive também meus namorados incomuns, alguns até incompatíveis comigo, mas nunca conheci aquele que me faria suspirar e ficar louca para encontrá-lo na manhã seguinte, sempre fui muito atenta ao meu trabalho desde a adolescência, e nunca fui de sair, pois tive a vida muito privada pela minha mãe, que morrera há oito anos atrás e o meu pai eu certamente não conhecia, por falta de empenho pra isso. - Então, Fui até a banca de doces mais próxima e comprei meu bombom favorito.
Comi com cuidado, assistindo o filme mais legal que já vi em toda minha vida, - era um presente de mamãe. Meus olhos foram perdendo a força, e eu não conseguia mais sustentar meu corpo. Então eu dormi. Viajei para um mundo impossível, onde as pessoas eram felizes e amigos de verdade não se contavam suficientemente à dedos. Logo, meu sonho de um vida temporiariamente perfeita acabou. Tudo parecia estar escuro suficiente para eu perder os sentidos.
Eu morri. E mesmo morta me senti diferente, a luz do sol parecia estar mais próxima que nunca. Meu corpo brilhava à medida que erguia os meus braços, que agora eram asas. Foi um susto pra mim. Mas eu encontrei o pássaro amarelo e ele cumprira a sua promessa de nos encontrarmos novamente. O pássaro era a minha mãe, que não me levou por egoísmo, mas para me dar toda a liberdade que nunca me deu durante minha vida como ser humano no planeta Terra. E como um pássaro, eu saberei desfrutar cada segundo, como adolescente não, seria de um jeito inseguro e imaturo. E voei para além do horizonte.
Joyce Gabriella Barros