Aí do nada você cansa, se quer aguenta ouvir alguns decibéis da voz que antes era música para seus ouvidos e agora se tornara uma eterna tortura. Você insiste que aquelas mãos, que antes decifravam o seu corpo sem pudor algum agora não passam de um tato qualquer, estranho, que mal parece que já percorreu seus caminhos.
Você não quer mais essa presença ao seu lado, e não há muitos motivos convincentes à ficar, da mesma forma que não há para partir, então. Você decide que nem sempre haverão medidas necessárias para acalmar tamanho tumulto provocado em seu coração, pelo simples contato direto com o tédio e o cansaço temoroso da insuportável rotina.
Seus olhos já não brilham na mesma intensidade, o rosto já não é o mesmo quando o sente seu encoste. Sua pele? Nem mais se arrepia ao simples gesto de toque por entre sua nuca e medula espinhal em conjunto. Tudo o que você quer é distância, e acaba agindo muitas vezes com sarcasmo, como se não pudesse evitar que todo o vínculo chegara a tal ponto onde parece que anos estavam sendo jogados fora em uma simples noite do acaso, cabeças quentes, suores frios.
Pensando bem, há em muito a se pensar, e refletir por si só, mas querendo mesmo se chegar aonde se quer chegar, sem que tire as mínimas conclusões, já não é tão tarde para adiantar que o meu amor passou, de um jeito desprevenido e que menos se espera: imperceptível aos olhos de quem tanto o primorava, tanto o zelava.
Morreu, como rosas no fim da primavera, e que jamais será capaz de voltar ao vermelho-vivo de antes.
(Joyce Gabriella Barros)