Já experimentou o quão deleitosa é a sensação de conversar por horas, sobre os mais variados assuntos, os medos angustiantes ou calorosas alegrias olhando no fundo dos olhos de outra pessoa? Fitar, fixar, desbravando o que há de mais profundo nela, se declarando à sua imensidão, fazendo parte do que ela emana evocando uma dezena de sentimentos particulares que se misturam ao serem contados imergindo na imensidão das janelas da alma?
Ressaltar a energia que o momento pede e troca não é ato falho de ações sem mero pudor, é despir tudo o que é dito na calada da noite, e não encurtar a alma pelo medo de ser incompreendido. É o choro de luz que transforma, mandando embora as temidas dores enclausuradas, ou aquele marejo, que precede as palavras proferidas nos mais singelos formatos, algo tão simples quando um eco sonoro de um "meu plano pra nós é virar esse ano com você, e o outro... e o outro... e contando..."
A paz que se remonta é captada através dos estímulos que reduzem qualquer grande fragmento de agonia à pó, dissolvendo todos os anseios e teletransportando a calmaria e serenidade que há de ti em mim, envolvendo minha alma de fervura e acalentando meu juízo frouxo, que dilata deliberadamente os meus vasos sanguíneos, deixando o coração em disparada, entusiasmado para aproximar o que já está tão perto, dentro, compreendido e aceito, por sermos tão ímpares com a certeza da nossa casa dentro do peito um do outro.
Com toda constância do mundo, saúde e saudade, e parafraseando Chico, ver beleza nos olhos esquecidos em cima dos meus, com nossa risada confundida, expandida, emoldurada nas raízes de momentos simplórios, que demandam de carga magnética profunda, é aquela coisa frágil e secreta que a gente guarda numa caixinha da memória para nunca esquecer.
03 January 2017 / 01:26.
BARROS, Joyce Gabriella.