11 de setembro de 2019

Sobre andar só

Eu sempre saio sozinha.
Digo, enquanto viajo.
Enquanto exploro.
Mas, como toda solitária, sempre encontro um outro só pela solidão. 
E aí a gente se cruza,
a gente troca. 
É bom.
Ando meio com vontade de ficar comigo mesma.
A sensação de explorar o eu tem sido única.
Pela primeira vez na vida.
Sozinha mesmo.
Passo por algumas pessoas, 
trocamos sorrisos singelos de cumprimento, 
mas só. 
Silêncio e solitude total me acompanham no restante do caminho e aqui me sinto livre, 
uma plenitude única onde eu posso ver que é nessa hora que tudo faz sentido outra vez.
A gente as vezes precisa resetar pra se conectar,
e é essa a sensação.
Andar sozinha é uma descoberta,
é caminhar no seu tempo,
no seu ritmo,
numa cadência que só você mesmo precisa respeitar.

Brumadinho/MG
25 de Agosto de 2019.
BARROS, Joyce Gabriella.

Um solilóquio sobre Inhotim (Brumadinho/MG)


Depois de caminhar quase 20km, com hipérbole mesmo porque sou exagerada, e mais precisamente 17,7km, viver sensações incríveis e impossibilitadas de descrição: só vivendo pra crer, eu sei.
Que experiência incrível. Uma sala com alto relevo, com colchões, outras muito escuras onde só existia eu e mais ninguém. Algumas tive medo, algumas quase chorei, mas os olhos marejavam. Quando eu me sentia mais só, era quando eu me sentia mais íntegra. Mais me pertencia. Parecia, que naquele momento de profundo foco no agora, eu sentia minha alma, eu existia. E pra ser mais exata não havia mais nada no universo além daquele momento.


No dia de hoje eu pude desfrutar de imensas sensações. Alguns surtos de ansiedade, mas agora, vendo o passeio quase chegando ao fim e sentada no meio de árvores tão gigantes quanto edifícios de uma selva de pedras, eu digo e repito: está entre as mais extraordinárias que já vivi. Foi ainda mais imensa por eu tê-la desfrutado em minha própria companhia. Tive algumas oportunidades iniciais de fazer bons amigos para que fôssemos companheiros um do outro, fotógrafos um do outro. Mas eu não trocaria a vastidão de impressões ao descobrir cada parte de um todo sem seguir roteiros e ainda assim, ter percorrido praticamente tudo.

Meu ritmo, minhas regras, minhas escolhas, dona de mim e de cada coisa que eu fazia. A mesma sensação que senti ano passado, de ninguém saber onde eu estou no mundo, de certa forma. Ou até, embora soubessem, não havia como encontrar-me. Nada se compara aos caminhos onde só haviam pedras, árvores, mata, céu, natureza e beleza sem fim. A melhor escolha, o melhor programa que eu poderia ter feito hoje. Mais uma comprovação exata de que eu guardo dentro de mim a melhor companhia do mundo pra mim mesma, sem exageros, mas já exagerando, como fiz lá no início.

Ps: na contagem final dos km rodados, cheguei aos 19,9km, então estive certa em exagerar.

Ah, e antes de mais nada, o transfer BH - Inhotim ficou por conta da empresa Belvitur. Custou R$66,00 + R$22,00 meia entrada no museu e a saída foi às 8h30 da manhã / volta 17h30. É imperdível!

Brumadinho/MG
25 de Agosto de 2019.
BARROS, Joyce Gabriella.