oi, eu sou joy e hoje fazem 446 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. sempre gostei de me relacionar com pessoas que atravessam o tempo, transpiram mudança. pouco passou, mas mudaram muito. e isso ficou nítido. nada contra quem "aparentemente permanece igual" (como não se pode ter mudado nada? nem sequer um pensamento? será que é possível?) essas são as melhores pessoas, na minha mais humilde opinião. e não que ela seja a certa. pra mim é. pessoas que se abrem pro novo, que transmutam, que hoje já não são mais os mesmos, que venceram um defeito, que mudaram alguma coisa na forma de falar. que fizeram pequenas coisas que mudaram tudo. essas são as pessoas. eu amo quando a vida me leva a elas.eu posso me identificar com algum lugar e simplesmente querer ficar lá, até eu descobrir que não faz mais sentido. "às vezes, é um processo que leva meses, às vezes anos", contou ela mesma depois de nunca ter voltado pra se despedir. há mais de um ano. "a vida continuara", pensou ela. mas dentro muita coisa mudou. cenários mudaram. todas as coisas que ela construiu na mente dela ao longo de tudo que ela achava que era a vida, de alguma forma, transmutou. por muito tempo, ela refletiu sobre isso. a vida foi apenas acontecendo. tudo no seu fluxo e ritmo. e ela sempre soube se entregar. tá aí uma coisa que ela fazia com destreza: entrega. afinal, era pura água. peixe.quando não me entrego às mudanças (que vêm como um vendaval) me sinto morta. estagnada. sem perspectiva. parece que existe um vácuo. uma grande tela em branco pintada pelas incertezas. eu preciso sempre estar em contato com alguma coisa que ainda não vi. e não precisa ser algo grandioso não, tá? basta um pensamento. uma palavra. uma história. preciso sentir nas minhas veias que vivi algo novo naquele próximo instante. se não, apenas vegetei. morri. não tem como uma rotina ser levada ao pé da letra. você faz a mesma coisa todo dia, mas você é o mesmo todo dia? você mudou, mesmo o escopo sendo sistemático, a forma de ver sempre tem um novo jeito de ser enxergada. se com esses olhos tiver sido visto.a minha maior relação diária é a eu vs. o externo. ela muda todos os dias. as outras, mudam minha forma de percebê-la. não tenho como acordar te amando mais ou menos. mas posso ter algum olhar novo sobre você. então, de mim pro mundo, eu vejo isso como a oportunidade de ser diferente outra vez. me dá mais ânimo de vida. como falei antes, todo dia que mudo um pensamento de lugar, sinto que venci mais um dia. sinto que valeu. quando chego no limite da adrenalina > exaustão/sobrecarga. eu preciso enxergar não de uma maneira x ou y, mas ver o óbvio. as cartas sobre a mesa. não o que quer dizer, mas o que de fato, é.me desligo de lugares que tem muita opinião concentrada, ainda mais em on-line. dou um mergulho fundo. não quer dizer que não continue tendo meus acessos de raiva, tristeza, angústia e até mais picos de extrema felicidade a respeito da vida. mas pelo menos, consegui pensar por mim sem sofrer influências externas.livre. eu tô na busca por essa liberdade de ser e sentir. mas primeiro, preciso entender o que é. não é fácil traduzir-se pra si mesmo. algumas pessoas passam a vida inteira tentando e não conseguem se comunicar consigo mesmas. isso deve ser angustiante. pode não parecer, mas existem pessoas que fazem totalmente o contrário do que planejaram para si mesmas. vez ou outra me pego desviando na direção desse caminho.ficar em silêncio e imaginar um mundo ideal, por mais que seja levemente utópico, dá pra viver pelo menos na marginal desse mundo, paralelo, vivendo aliadamente. talvez isso vá o construindo de um jeito bom. ainda não descobri a fórmula mas essa é a minha busca. alinhado à isso, por mais que eu tropece pra caramba e seja altamente controversa comigo em uma parcela de vezes.tento ao máximo possível me perdoar. isso me cura de mim. assim, sigo em frente mais leve, amiga do que vejo no espelho e sinto dentro. como uma tentativa de apoio às minhas decisões sem me crucificar. se for pra sentir algo extremista, que seja um apoio. escandaloso.lembro o quanto eu caminhei pra chegar onde eu cheguei. para alguns pode parecer pouco. para outros, muito. mas só importa como eu vejo isso. não me deixando desfiar para as coisas que os outros querem que eu seja. lembrando do que quero ser e sou. por mais difícil que seja, ser sincera. querer ou não querer algo pode ser simples. não causar dor nem danos.
BARROS, joyce gabriella. quinta, 30 de novembro de 2023. 09:39.