19 de outubro de 2024

dia____771, belo horizonte 2024: a gente segue achando que precisa se justificar


"a gente segue achando que precisa se justificar. falar sobre. e isso acaba dando espaço pra que o outro entre na gente de algumas vezes que nem sempre a gente tá preparado."

oi, eu sou joy e hoje fazem 771 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. isto é o mesmo que 2 anos, 1 mês, 1 semana e 3 dias. nesse período tem 524 dias úteis e 10 feriadospensei aqui como para além daquela frase de que todo julgamento é, na verdade, uma confissãotoda justificativa, seria ainda mais. se é que a gente precisa ter licença poética pra comparar coisas altamente incomparáveis. quando a gente justifica algo, parece que tá faltando uma parte, sabe? e a gente precisa preencher com aquilo que o outro acha, com alguma opinião além da nossa. eu nem sei o que eu acho primeiro e já corro pra descobrir o pensamento do outro para aquilo que me pertence. então, depois do sim ou do não, parece que algo em mim precisa dizer os motivos, as razões, as circunstâncias daquela decisão. e é muito estranho isso, porque existe a melhor possibilidade de todas que é fazer, pelo simples fato de fazer, ou não. de querer, ou não. a gente sempre acha que o outro vai ficar bravo, vai pensar isso ou aquilo de nós e até gostar, talvez. mas nem sempre é bom e nem sempre é ruim. mas a gente segue achando que precisa se justificar. falar sobre. e isso acaba dando espaço pra que o outro entre na gente de algumas vezes que nem sempre a gente tá preparado. não é algo tão simples de lidar. então, menina, da próxima vez que tu se enxergar justificando alguma opinião tua, pergunta antes se tu quer realmente fazer isso ou tá fazendo porque tá tentando caber em alguma coisa, que muito provavelmente só vai te aprisionar pelos próximos tempos aí dentro mesmo da tua cabeça. tentei justificar este texto mas não deu certo

Belo Horizonte, MG, Brasil. 
BARROS, Joyce Gabriella. (19 de outubro de 2024)

18 de abril de 2024

dia____580, vila velha/es 2024: é preciso deixar que o inesperado nos encontre (DIA 1)

oi, eu sou joy e hoje fazem 580 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. saí de casa 7h da manhã em busca da linha de trem que me levaria de minas gerais ao espírito santo. uma viagem tão adiada quanto desejada, imaginada. de tanto tentar planejar, o momento nunca parecia o certo. mas um dia, eu decidi que eu quem faria ser. na quarta-feira, uma decisão. tudo estava conspirando. passagens, estadias. planos. assim eu fui.

ao todo foram em média 13h de viagem. um misto de sensações e emoções. inquietude no corpo, na mente. eu li, reli, dormi, sonhei, pensei, chorei, agradeci. sozinha, sem dar uma palavra sequer além do usual por pura educação. estive comigo por todo o trajeto, por lindas paisagens, vales, morros, os mais de 30°C lá fora e o frio congelante dentro. um silêncio absoluto muitas vezes se misturava ao choro de crianças tão loucas quanto eu para somente, chegar. quanto mais perto ficava, mais o frio na barriga pelo desconhecido se apresentava a mim. 

são sempre pessoas muito boas que cruzam os meus caminhos e eu simplesmente saí a caminhar pelos arredores pra ter umas primeiras impressões da cidade. ainda nada muito concreto, ainda to tentando desassociar o que vi pra abrir os caminhos pro novo do que verei entrar. é preciso deixar que o inesperado nos encontre. caminhar para que o caminho abra, que se conheça andando, vivendo e se perdendo por aí. 

BARROS, Joyce Gabriella. 13 de Abril de 2024. 

22 de fevereiro de 2024

dia____530, belo horizonte 2024: agradecer pelo que é

oi, eu sou joy e hoje fazem 530 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. talvez seja muito do nosso dever esperar a novidade. mas agradecer pelo que é. pelo que está. se empenhar pra trazer à tona coisas boas além, lá na frente. ontem eu comecei uma nova fase na minha vida profissional. não sei por quanto tempo vou conseguir levar porque os caminhos já foram abertos com muita indecisão e insegurança. não analisando de uma forma ruim nada disso, entretanto, eu ainda não descobri qual o sentido dessa trilha. se faz parte do que vai me levar a algo maior ou tão somente me foi imposto pela vida sem pedir licença. apesar de muito abraçada, tenho a sensação de estar perdida. de que nunca vivi nada antes e minha experiência fora apagada por alguns segundos pra dar espaço a um desconhecido que aperta meu coração. eu sei que eu faço um temporal no copo d’água, mas que culpa eu tenho, se é o jeito como me sinto? dói muito mais do que poderia doer, e eu também sei que eu estou sempre onde me coloco. onde escolho estar. ninguém me obrigou a dar esse passo, não foi simplesmente algo que me veio sem avisar. eu me joguei, e de forma muito despretenciosa, isso veio ao meu encontro também. com tanta vontade de me encontrar quanto eu que estava a procura do que nem sabia exatamente o que era. ou será que sabia? ou será que tinha certeza que merecia a grandiosidade das minhas aspirações? a todo instante o questionamento sobre jornadas corretas, que levam a caminhos certos. eles existem, ou é puro delírio da nossa mente pra nos fazer pensar que deveríamos estar vivendo outra coisa? talvez devêssemos. talvez pudéssemos. é tudo questão de mudança, e, sobretudo, mero ponto de vista. o que resta é descansar um pouco e me entregar, deixar a baleia cortar água sem ficar atinada aos próximos passos; ser levada um pouco por essa maré intensa que é a vida, sabe? ligar o piloto automático e aproveitar a viagem, desfrutar do caminho com muito mais coração e entrega. algo na alma diz que é pra ir. então, vai.

escrevi esse texto às sete e poucos minutos da manhã de hoje, a caminho da nova rotina, e na volta, com os olhos marejados, fui tomada por uma imensa gratidão pelo existir. com a certeza de que tem uma mão muito acolhedora que nunca me abandona e de algum lugar, olha por mim. uma sensação de 1% a mais do que fui em tão pouco tempo que adoça a travessia, me abraça, sustenta o presente. de mim pra mim, meu próprio lar. não há coincidências: todo o amanhã já está sendo lapidado hoje. estava escrito. todos os dias não cansarei de repetir o quanto confio, entrego, aceito e agradeço.

BARROS, Joyce Gabriella. quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024.

5 de fevereiro de 2024

dia____513, belo horizonte 2024: a eterna competição de eu comigo

oi, eu sou joy e hoje fazem 513 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. no último domingo, mais precisamente ontem, eu finalizei o meu desafio de 20 dias / 20km de bike por dia. claro que por motivos maiores, eu andava bem mais que isso, principalmente devido às locomoções externas. a bike tem sido meu maior sinônimo de mobilidade urbana. além do treino e da aventura, claro. nem ônibus, metrô, ou uber (a não ser que seja o último caso). então, de toda essa contagem e preparação, eu a minha companheira de duas rodas tivemos uma marca de pouco mais de 600km nesse período de tempo. lembro que a última vez que gravei pro podcast, estava ainda muito verde, prestes a completar o dia 3 do desafio, então o medo era fazer alarde sobre isso e simplesmente não conseguir ser consistente, o que acabou por me afetar bastante num primeiro momento. sorte a minha que na briga entre as vozes da minha cabeça, a sensatez junto à determinação e disciplina venceram. juntos, me levaram a concluir. alguns dias levei a crer que fosse impossível ter estímulo pra enfrentar tudo o que eu enfrentei, na mente e no físico, como o trânsito do dia a dia, que não era muito fácil de lidar porque não era algo que dependesse de mim. apesar dos pesares, alguns dias foram mais difíceis que outros. outros infinitas vezes mais fáceis, tal qual um "suco de veludo". é muito sobre a nossa relação com a nossa mente também. sempre vai depender do nosso diálogo interno. lembro que quando eu acordava feliz, inspirada, com vontade de viver, tudo parecia dar certo e o caminho era totalmente cor-de-rosa. em contrapartida, mesmo nos dias ruins, em que eu era movida pela força do ódio e aconteciam diversas coisas no trajeto, a sensação que ficava no pós era sempre de: gratidão por ter enfrentado tudo isso, olha como você se sente melhor agora. os três finais de semana que permearam esse desafio foram bem diferentes um do outro. o primeiro, mais longo, acompanhada por mais dois ciclistas, teve uma trilha de +-80km da cidade e o "prêmio" foi um magnífico banho de cachoeira. no segundo, fui sozinha dar a volta na lagoa da pampulha. me perdi, mas me encontrei. foi realmente muito satisfatório. o terceiro, por sua vez, apesar do medo de ir na cidade vizinha apenas na companhia de mim mesma e ter que enfrentar uma solidão unida ao perigoso fato de ser uma mulher passando por lugares totalmente ermos e inabitados mexeram comigo. pude pensar nos possíveis acidentes que poderiam ocorrer, por mais que super comuns. mas, pra minha não tão grande surpresa, no fundo eu já imaginava que tudo correria bem. e correu. eu me superei muito. essa é mais uma lição para eu não duvidar de mim e de onde sou capaz de chegar. estou ansiosa pelos próximos desafios, porque taí uma palavra que ME MOVE. sou movida por provas, por tudo aquilo que me faz ser melhor do fui ontem. é um belo combustível pra viver a eterna competição de eu comigo.  

BARROS, Joyce Gabriella. 5 de fevereiro de 2024. 


 

2 de fevereiro de 2024

dia____510, belo horizonte 2024: isso me faz lembrar das minhas escolhas

oi, eu sou joy e hoje fazem 510 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. em dois dias finalizo meu desafio pessoal de 20 dias de bike com -2kg pra conta e uma satisfação imensa por ter mantido a consistência. pra mim, se trata de uma boa dose de vitória. fui dormir com reflexões, que depois de digeridas, acordei pronta para expeli-las. hoje em dia eu continuo a nutrir uma amizade muito profunda com um antigo afeto a ponto de sairmos, trocarmos ideias pra falar sobre coisas da vida. quase como um confidente onde há um mútuo entendimento de emoções. desde sempre houve, talvez por isso persista. no fim, a permanência era essa: um laço inquebrável com alguém muito importante, que por breves e intensos momentos insistiu em virar alguma outra coisa, e tudo bem. às vezes a gente precisa provar o gosto de algo pra saber que não era bem aquilo. enfim, voltando... a pauta ontem foi sobre a falta de vontade por estabelecer romances e outros laços com pessoas aleatórias. houve um tempo que existia uma incessante procura pelo preenchimento, ou uma "virada de chave" ao se relacionar com outras pessoas esperando que em algum momento viesse uma "certa", que nos salvasse da vida. hoje, eu vejo que relacionamento não é nada mais que uma dedicação de mão dupla pra fazer dar certo. uma construção. não é algo que simplesmente aparece como num passe de mágica. lembro que na nossa época de interação amorosa, ambos justificaram o fim como a falta de desejo pelo outro. agora, sob os relatos dele que não tem estado tão afim de trocas além de beijos e carinhos momentâneos, percebo que quando estamos dentro de uma relação, tendemos a culpar o outro pela ausência dos nossos quereres. é como se ali dentro, a outra pessoa tivesse que estar a postos a todo momento para nos instigar "momentos mais quentes". e olha que talvez a gente nem saiba direito o que acende o nosso fogo de fato. é uma eterna descoberta, mas tem que estar sempre pondo em prática, colocando o braço à torcer. o outro tem os momentos dele, os direitos dele e muito desses "problemas" que enxergamos no externo estão lá dentro. beeem fundo. isso me faz lembrar das minhas escolhas, os tempos "de teia de aranha" que passo quando estou sozinha comigo sem dividir atenção com ninguém. por livre e espontânea vontade. é como um preparo para o que vem depois. o que vai me despertar o desejo de me entregar de verdade e nem sempre isso se encontra à toa, em qualquer lugar. esse texto é pra lembrar que tudo é muito sobre nós mesmos. a relação não esfriou. eu quem esfriei. o outro não deixou de sentir desejo. talvez eu mesmo que tenha deixado de sentir por mim mesmo. e tá tudo bem aceitar isso. o mundo não gira em torno dessas coisas que a gente só mirabola diante das carências. estar sozinho é tudo. se bastar e se bancar, também. é preciso satisfazer a si próprio com coisas que tragam vida, que vão além de casualidades premeditadas. o instantâneo até favorece. mas o acaso mesmo, a gente precisa se preparar muito pra encontrar. sem esperar muito. há de se estar distraído. 
BARROS, joyce gabriella. 2 de fevereiro de 2024.


1 de fevereiro de 2024

dia____509, belo horizonte 2024: gratidão por cada coisa estar no seu lugar

oi, eu sou joy e fazem 509 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. antes a minha versão de hoje voltasse atrás pra pegar na minha mão e dizer que tudo ficaria bem. que eu daria conta. que aquela relação seria mil vezes melhor se ficasse só na amizade sem ir mais além. se sair daquele trabalho que sugava iria abrir tantas outras portas adiante para que eu me descobrisse como uma pessoa para além da minha profissão. que tudo aconteceria magicamente em consonância com os meus sonhos, e que ninguém tinha acesso aos arquivos senão eu. há um propósito pra tudo e todas as coisas nos levam para esta direção. como um longo caminho em que não sabemos bem para onde estamos indo, existe uma orquestra totalmente organizada para fazer cada nota saber a hora de entrar. está escrito o que a gente escreve. o que busca. eu tenho desejos muito maiores que eu, alguns, eu não saberia nem definir em palavras de tão grandiosos e impalpáveis. em momentos me engasga a sensação de não poder pari-los de dentro de mim principalmente por não saber como, muito menos ter ferramentas necessárias para tanto. é como se sempre faltasse um empurrão. de alguém, do destino, de alguma força maior que me envolve. é como viver na horizontal imaginando a vertical. um caminho infinito de evolução mas que tudo se conecta conforme o tempo passa. eu me pressiono, imagino a vida sendo uma outra coisa além do que ela tem sido agora, mas ela não tem a capacidade de ser além do que é pelos simples falo de ela ser APENAS o que ela é. como ela é. e eu só devo uma coisa: gratidão. por cada coisa estar no seu lugar. por tudo que me trouxe, por tudo que ainda me levará. e é pra isso e por isso que eu escrevo sempre sobre as mesmas questão. pra fixar em mim de que não existe nada errado ou fora de roteiro acontecendo. minha vida inteira vai ser esse galgar de situações que levam às outras e eu sou a única pessoa que jamais poderá soltar da minha própria mão. confiar com tanta fé e ver o tempo passar, as portas se abrindo, e os caminhos levando... a viver tudo o que preciso viver. e isso nem sempre irá de encontro necessariamente ao que eu gostaria de ter. é muito óbvio. mas se parar pra pensar, as surpresas do que aparecem são sempre muito mais extraordinárias do que a gente imagina. e isso é o que faz a vida ser mágica. 

BARROS, joyce gabriella. 01 de fevereiro de 2024.

23 de janeiro de 2024

dia____500, belo horizonte 2024: 500 DIAS(!!!)

oi, eu sou joy e hoje fazem 500 DIAS que eu fui passa um mês fora de casa e não voltei. no dia 8 do meu desafio pessoal, mil coisas passando na cabeça sob a forma de conduta alheia. um turbilhão de pensamentos e emoções condensando tudo o que foi vivido até agora. transformado em memórias, reciclando, ressignificado tudo de alguma forma. quem fui eu quando cheguei, e quem agora sou, como me transformei, mudei, enfrentei coisas externas e principalmente externas em pro de algo muito maior do que eu poderia desejar: o PRESENTE. nem nos meus melhores sonhos eu haveria escrito algo tão bem arquitetado quanto esse agora. os amigos que construí, as pessoas que conheci, os lugares que eu pisei, os detalhes de uma vida, vividas nessas 12.000h que me trouxeram a encontro de mim. mesmo em meio às crises e imprevistos fortuitos, evoluí, dei a volta por cima, voltei atrás, segui em frente e hoje eu percebo que todas as coisas que aconteceram ao longo da caminhada dariam sempre para este momento. assim como tudo que tem sido plantado hoje também me levará para algo depois. e que talvez não devesse importar tanto, porque é tão precioso estar aqui e agora vivendo e sentido todas essas coisas que não, eu não trocaria por mais nada no mundo. hoje é hoje, amanhã é depois. não importa. seguiremos construindo esse além do mais aqui, enquanto o tempo couber e deixar ser. se vem mais 500, eu não sei, mas me abro pra natureza das coisas e dos ciclos, deixando a vida me levar por onde quer que eu mereça estar.

BARROS, Joyce Gabriella. terça-feira, 23 de janeiro de 2024.

22 de janeiro de 2024

dia____499, belo horizonte 2024: uns sinais pelo caminho

oi, eu sou joy e hoje fazem 499 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. no dia 7 do desafio pessoal eu pensei em não ir. não ir implicaria em ficar em casa, fazendo tudo, menos ouvir falar em qualquer coisa que remetesse à duas rodas e um guidão. mas me empurrei e fui. ontem fiz uma trilha com mais de 75km e eis minha desculpa: os caminhos de ontem pagariam por hoje(?) errado. os caminhos de ontem são os caminhos de ontem. hoje é hoje, um novo dia. descansar é importante, mas nesse fluxo de tempo/velocidade/distância, não deveriam existir desculpas. é como um degrau subido a cada dia, e só no fim, a gente se dá conta de como foi além. eu tô tentando não me sabotar, não dar desculpas para procrastinar a continuação de tudo o que construí até agora. tive como resultado um novo caminho, e mesmo saindo um pouco mais tarde que o habitual, venci o trajeto. não vivi grandes loucuras no trânsito nem arrisquei demais meu bem mais precioso que é a minha vida. vi uns sinais pelo caminho que prefiro guardar como um amuleto de que estou no caminho certo e tá tudo tão bem que tenho até que escrever esse texto todo só pra no fim não mais que agradecer e agradecer por tudo o que tenho vivido até aqui, é muito mais do que eu esperava. saber que consigo sim, dar conta é um passo mágico em direção às minhas próprias auto descobertas. e é sempre assim, vencer a si 100%, 1% a cada dia. 

                   BARROS, Joyce Gabriella. segunda-feira, 22 de janeiro de 2024. 

20 de janeiro de 2024

dia____497, belo horizonte 2024: conseguindo avançar perante eu mesma

oi, eu sou joy e fazem 497 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. seguindo pro dia 5 do desafio pessoal, acordei beeem mais cedo que o habitual. mas não fui dormir tão cedo assim. lembro que antes de deitar, mentalizei: "quero acordar muito cedo e disposta amanhã", e assim que o despertador tocou, tentei adiar, mas estava longe demais, não parava de tocar e não havia ninguém que desativasse pra mim. por ser um dia de sábado e, na minha opinião, o melhor dia da semana (não só porque foi o dia em que eu nasci). a hora que eu estava voltando pra casa era a hora que ontem, eu estava indo. pra você ver, nenhum dia é igual e dá pra fazer as coisas de um jeito diferente pra sentir de um jeito diferente. foi muito bom acordar disposta, sentir a vibe matinal da vitamina D gostosa das 6:30h da manhã irradiar meu corpo. inclusive, fiz meu melhor tempo no treino em jejum hoje. sentia que a bike flutuava enquanto acelerava os pés. tudo fluindo e nada a reclamar do trânsito. ainda são 10h e eu já fiz tanta coisa hoje, posso dizer que os dias tem sido absurdamente produtivos e eu me afogo a cada dia mais num sentimento puro de gratidão, não só pela minha perseverança, mas por estar conseguindo avançar perante eu mesma. no primeiro dia a gente sempre acha que não vai dar conta, mas conforme o tempo vai passando, você vai encontrando um poder lá no fundo da alma que é capaz de iluminar tudo. é como mudar de vida mesmo estando numa mesma vida, porque isso inclui uma troca de perspectiva muitas vezes bem brusca, forçada, mas que não dói, de tão natural e predestinada que estava a ser. e traz paz pros dias, alivia a caminhada, deixa tudo mais leve, porque mostra que não é preciso coisas de coisas muito estrondosas pra fazer barulho. viva a vida!

BARROS, Joyce Gabriella. 20 de janeiro de 2024. 

19 de janeiro de 2024

dia____496, belo horizonte 2024: agradeço por ter voltado viva pra casa

oi, eu sou joy e fazem 496 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. fui pro dia 4 do meu desafio pessoal e por pouquíssimo não adiei, não desisti. era tarde, o dia estava um pouco nublado, o que me fez ativar o modo "deixa eu dormir mais um pouquinho" no despertador, mas mais uma vez, meu cachorro não deixou e eu tive que sair pra volta matinal dele. o que é bom, de certa forma, porque são minutos decisivos e me fazem acordar de verdade. ver o mundo, sentir a energia do sol é saber que mais um dia começou a não dá pra parar ou ficar dando desculpas pra não fazer o que tem que ser feito. eu sei, não tem ninguém me vendo, mas eu preciso ser fiel ao que me prometi. é tão simples. tão fácil. só eu quem poderia ser capaz de dificultar as coisas, de colocar pedras onde não tem. mesmo que as rodovias estejam sempre lotadas, o trânsito não colabore muito, algumas loucuras precisam ser levadas ao extremo. no treino do dia, por exemplo, fui surpreendida ao ver um maluco pendurado num ônibus em alta velocidade. cada curva era um suspiro pensando que ele poderia cair a qualquer momento. sério, era como aquelas cenas de fuga nos filmes de ação. e a galera nas ruas indo à loucura ovacionando ele a cada manobra arriscada que o motorista fazia e ele só precisava se equilibrar em meio ao risco. em alguma dessas horas eu também arrisquei. tentei disputar velocidade com o mesmo ônibus pra tentar me salvar, e ir para o minha zona segura, que é perto do meio-fio (acredito eu). foi um passo que poderia ter me custado a vida, ou pelo menos algum acidente, mas, petulante como sou, eu quis sentir um pouco da adrenalina da disputa de segundos. como citei anteriormente, alguns pontos soam como obstáculos que eu vibro a cada vez que os supero. todos os dias, as mesmas dificuldades de cruzá-los, e a paz paira, quando ultrapassados. quando perto do caminho de casa, fiz a ultrapassagem de um carro parado pela direita, quase engolida por um bueiro e batendo o retrovisor do carro, uma mulher dentro num tom de reclamação ou preocupação algo falou mas eu nem dei tanto cartaz, acho que eu não estava tão certa. pra eles, os ciclistas nunca estão. de toda forma, não há respeito de ambos os lados. quem é mais forte sempre prevalece. e é mais um dia que eu agradeço por ter voltado viva pra casa. 

BARROS, Joyce Gabriella. 19 de janeiro de 2024.

18 de janeiro de 2024

dia____495, belo horizonte 2024: un día a la vez

oi, eu sou joy e hoje fazem 495 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. tô no terceiro dia do desafio pessoal que eu me propus a fazer, e sabe o que é mais louco? a cabeça fica tentando auto sabotar a gente a qualquer custo. só são três dias até agora, tenho ido além da meta, me superado, mas ela já tá pensando no, sei lá, dia 17. coisas do tipo: "e se eu tiver que pular um dia?""e se eu não manter o ritmo?" "e se eu ficar muito cansada?" milhares de coisas me atordoando a todo instante e eu só quero parar essas vozes que intercalam entre >talvez eu não vá conseguir< com >caraca, tu é f0da, tá se superando, continua no teu tempo< são duas pessoas completamente diferentes falando. mas de verdade, eu espero que no fim das contas eu saia com uma clareza mental maior e o silêncio de paz seja meu maior troféu por mais uma vez poder dizer que foi melhor que eu esperava e que não precisava de tanto drama ou achar que poderia rolar alguma coisa errada, porque a gente sabe, no fim da TUDO certo e se não deu certo é porque o negócio ainda tá rolando, parafraseando um clássico pensamento do fernando sabino. acordei mais tarde do que o habitual, por volta das 7:20h (meu dog, meu despertador), tomei um cafezinho sem açúcar, enrolei por aproximadamente 1h, e me empurrei. na verdade, me forcei. na cabeça, os grandes desafios: trânsito engarrafado, sol, calor, motoristas ansiosos (assim como eu, haha) e outras coisas que quem não gosta muito de andar pela ciclofaixa enfrenta (não se podem pedalar além de 20km/h lá), e que a meta é sempre ir cada vez mais rápido procurando sempre, ou pelo menos na maioria das vezes, respeitar as regras de trânsito, não é mesmo? fiz meu segundo melhor tempo - o atual é 22.24km em 57'22". e é isso, todo dia 1% a mais fazendo o que dá sem arregaçar limites. sem falar que fui com uma dor de cabeça infinita, proveniente do meu desague de ontem a noite. sim, eu chorei, com todas as minhas forças. depois do meu pet ter olhado no fundo da minha alma com aquelas pupilas altamente dilatadas que agiram como um desentupidor de toda mágoa que há no mundo, chorei rios e pedi uns perdões para quem precisava pedir. sobretudo pra mim. pra lembrar que tem coisa que a gente replica não porque somos pessoas más, mas porque estamos condicionadas. e a partir do momento em que percebemos isso, a chave vira, porque temos a oportunidade de agir de uma forma melhor numa próxima vez. haverá próximas vezes? a gente nunca sabe, mas o otimismo sempre diz que sim. e vamo que bora, o presente é mesmo um presente. hora de abrir. porque é sempre assim: un día a la vez.

BARROS, Joyce Gabriella. 18 de janeiro de 2024. 

3 de janeiro de 2024

dia____480, belo horizonte 2024: coisas pra eu sempre lembrar

oi, eu sou joy e hoje fazem 480 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. hoje eu diria pra eu não ter medo e me entregar mais àquilo que eu confio de todo o coração. pediria sempre luz nessa bússola interna para que sempre ilumine meus caminhos muito de acordo com aquilo que faz vibrar não somente minha alma, mas também meu coração. que enquanto eu estiver alinhada, eu tenha a fé e a certeza de que fica só o que tem que ficar. que isso não me faça sofrer. não antes mesmo que eu entenda.

que eu preciso sim, lembrar que minha dieta não é só o que eu como, mas tudo o que eu consumo que entra no meu templo de alguma forma. seja visualmente, mentalmente ou até mesmo energeticamente falando. e isso é sobre com que eu compartilho a minha convivência e o mais interno que há em mim. que eu não esqueça nada do que passei e enfrentei, sobretudo lembre que tudo o que tem que ser é leve. e se esforçar é diferente de forçar. quando a luta para ir em busca daquilo dói mais do que a gente aguenta, não é sustentável porque seu lugar não é lá. seu lugar é onde você tem plena convicção de que a luta um dia vai valer a pena. pode ser hoje, pode ser amanhã. espere e verás.

BARROS, Joyce Gabriella. quarta-feira, 3 de janeiro de 2024.