oi, eu sou joy e hoje fazem 530 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. talvez seja muito do nosso dever esperar a novidade. mas agradecer pelo que é. pelo que está. se empenhar pra trazer à tona coisas boas além, lá na frente. ontem eu comecei uma nova fase na minha vida profissional. não sei por quanto tempo vou conseguir levar porque os caminhos já foram abertos com muita indecisão e insegurança. não analisando de uma forma ruim nada disso, entretanto, eu ainda não descobri qual o sentido dessa trilha. se faz parte do que vai me levar a algo maior ou tão somente me foi imposto pela vida sem pedir licença. apesar de muito abraçada, tenho a sensação de estar perdida. de que nunca vivi nada antes e minha experiência fora apagada por alguns segundos pra dar espaço a um desconhecido que aperta meu coração. eu sei que eu faço um temporal no copo d’água, mas que culpa eu tenho, se é o jeito como me sinto? dói muito mais do que poderia doer, e eu também sei que eu estou sempre onde me coloco. onde escolho estar. ninguém me obrigou a dar esse passo, não foi simplesmente algo que me veio sem avisar. eu me joguei, e de forma muito despretenciosa, isso veio ao meu encontro também. com tanta vontade de me encontrar quanto eu que estava a procura do que nem sabia exatamente o que era. ou será que sabia? ou será que tinha certeza que merecia a grandiosidade das minhas aspirações? a todo instante o questionamento sobre jornadas corretas, que levam a caminhos certos. eles existem, ou é puro delírio da nossa mente pra nos fazer pensar que deveríamos estar vivendo outra coisa? talvez devêssemos. talvez pudéssemos. é tudo questão de mudança, e, sobretudo, mero ponto de vista. o que resta é descansar um pouco e me entregar, deixar a baleia cortar água sem ficar atinada aos próximos passos; ser levada um pouco por essa maré intensa que é a vida, sabe? ligar o piloto automático e aproveitar a viagem, desfrutar do caminho com muito mais coração e entrega. algo na alma diz que é pra ir. então, vai.escrevi esse texto às sete e poucos minutos da manhã de hoje, a caminho da nova rotina, e na volta, com os olhos marejados, fui tomada por uma imensa gratidão pelo existir. com a certeza de que tem uma mão muito acolhedora que nunca me abandona e de algum lugar, olha por mim. uma sensação de 1% a mais do que fui em tão pouco tempo que adoça a travessia, me abraça, sustenta o presente. de mim pra mim, meu próprio lar. não há coincidências: todo o amanhã já está sendo lapidado hoje. estava escrito. todos os dias não cansarei de repetir o quanto confio, entrego, aceito e agradeço.BARROS, Joyce Gabriella. quinta-feira, 22 de fevereiro de 2024.
22 de fevereiro de 2024
dia____530, belo horizonte 2024: agradecer pelo que é
5 de fevereiro de 2024
dia____513, belo horizonte 2024: a eterna competição de eu comigo
oi, eu sou joy e hoje fazem 513 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. no último domingo, mais precisamente ontem, eu finalizei o meu desafio de 20 dias / 20km de bike por dia. claro que por motivos maiores, eu andava bem mais que isso, principalmente devido às locomoções externas. a bike tem sido meu maior sinônimo de mobilidade urbana. além do treino e da aventura, claro. nem ônibus, metrô, ou uber (a não ser que seja o último caso). então, de toda essa contagem e preparação, eu a minha companheira de duas rodas tivemos uma marca de pouco mais de 600km nesse período de tempo. lembro que a última vez que gravei pro podcast, estava ainda muito verde, prestes a completar o dia 3 do desafio, então o medo era fazer alarde sobre isso e simplesmente não conseguir ser consistente, o que acabou por me afetar bastante num primeiro momento. sorte a minha que na briga entre as vozes da minha cabeça, a sensatez junto à determinação e disciplina venceram. juntos, me levaram a concluir. alguns dias levei a crer que fosse impossível ter estímulo pra enfrentar tudo o que eu enfrentei, na mente e no físico, como o trânsito do dia a dia, que não era muito fácil de lidar porque não era algo que dependesse de mim. apesar dos pesares, alguns dias foram mais difíceis que outros. outros infinitas vezes mais fáceis, tal qual um "suco de veludo". é muito sobre a nossa relação com a nossa mente também. sempre vai depender do nosso diálogo interno. lembro que quando eu acordava feliz, inspirada, com vontade de viver, tudo parecia dar certo e o caminho era totalmente cor-de-rosa. em contrapartida, mesmo nos dias ruins, em que eu era movida pela força do ódio e aconteciam diversas coisas no trajeto, a sensação que ficava no pós era sempre de: gratidão por ter enfrentado tudo isso, olha como você se sente melhor agora. os três finais de semana que permearam esse desafio foram bem diferentes um do outro. o primeiro, mais longo, acompanhada por mais dois ciclistas, teve uma trilha de +-80km da cidade e o "prêmio" foi um magnífico banho de cachoeira. no segundo, fui sozinha dar a volta na lagoa da pampulha. me perdi, mas me encontrei. foi realmente muito satisfatório. o terceiro, por sua vez, apesar do medo de ir na cidade vizinha apenas na companhia de mim mesma e ter que enfrentar uma solidão unida ao perigoso fato de ser uma mulher passando por lugares totalmente ermos e inabitados mexeram comigo. pude pensar nos possíveis acidentes que poderiam ocorrer, por mais que super comuns. mas, pra minha não tão grande surpresa, no fundo eu já imaginava que tudo correria bem. e correu. eu me superei muito. essa é mais uma lição para eu não duvidar de mim e de onde sou capaz de chegar. estou ansiosa pelos próximos desafios, porque taí uma palavra que ME MOVE. sou movida por provas, por tudo aquilo que me faz ser melhor do fui ontem. é um belo combustível pra viver a eterna competição de eu comigo.
BARROS, Joyce Gabriella. 5 de fevereiro de 2024.
2 de fevereiro de 2024
dia____510, belo horizonte 2024: isso me faz lembrar das minhas escolhas
oi, eu sou joy e hoje fazem 510 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. em dois dias finalizo meu desafio pessoal de 20 dias de bike com -2kg pra conta e uma satisfação imensa por ter mantido a consistência. pra mim, se trata de uma boa dose de vitória. fui dormir com reflexões, que depois de digeridas, acordei pronta para expeli-las. hoje em dia eu continuo a nutrir uma amizade muito profunda com um antigo afeto a ponto de sairmos, trocarmos ideias pra falar sobre coisas da vida. quase como um confidente onde há um mútuo entendimento de emoções. desde sempre houve, talvez por isso persista. no fim, a permanência era essa: um laço inquebrável com alguém muito importante, que por breves e intensos momentos insistiu em virar alguma outra coisa, e tudo bem. às vezes a gente precisa provar o gosto de algo pra saber que não era bem aquilo. enfim, voltando... a pauta ontem foi sobre a falta de vontade por estabelecer romances e outros laços com pessoas aleatórias. houve um tempo que existia uma incessante procura pelo preenchimento, ou uma "virada de chave" ao se relacionar com outras pessoas esperando que em algum momento viesse uma "certa", que nos salvasse da vida. hoje, eu vejo que relacionamento não é nada mais que uma dedicação de mão dupla pra fazer dar certo. uma construção. não é algo que simplesmente aparece como num passe de mágica. lembro que na nossa época de interação amorosa, ambos justificaram o fim como a falta de desejo pelo outro. agora, sob os relatos dele que não tem estado tão afim de trocas além de beijos e carinhos momentâneos, percebo que quando estamos dentro de uma relação, tendemos a culpar o outro pela ausência dos nossos quereres. é como se ali dentro, a outra pessoa tivesse que estar a postos a todo momento para nos instigar "momentos mais quentes". e olha que talvez a gente nem saiba direito o que acende o nosso fogo de fato. é uma eterna descoberta, mas tem que estar sempre pondo em prática, colocando o braço à torcer. o outro tem os momentos dele, os direitos dele e muito desses "problemas" que enxergamos no externo estão lá dentro. beeem fundo. isso me faz lembrar das minhas escolhas, os tempos "de teia de aranha" que passo quando estou sozinha comigo sem dividir atenção com ninguém. por livre e espontânea vontade. é como um preparo para o que vem depois. o que vai me despertar o desejo de me entregar de verdade e nem sempre isso se encontra à toa, em qualquer lugar. esse texto é pra lembrar que tudo é muito sobre nós mesmos. a relação não esfriou. eu quem esfriei. o outro não deixou de sentir desejo. talvez eu mesmo que tenha deixado de sentir por mim mesmo. e tá tudo bem aceitar isso. o mundo não gira em torno dessas coisas que a gente só mirabola diante das carências. estar sozinho é tudo. se bastar e se bancar, também. é preciso satisfazer a si próprio com coisas que tragam vida, que vão além de casualidades premeditadas. o instantâneo até favorece. mas o acaso mesmo, a gente precisa se preparar muito pra encontrar. sem esperar muito. há de se estar distraído.
1 de fevereiro de 2024
dia____509, belo horizonte 2024: gratidão por cada coisa estar no seu lugar
oi, eu sou joy e fazem 509 dias que eu fui passar um mês fora de casa e não voltei. antes a minha versão de hoje voltasse atrás pra pegar na minha mão e dizer que tudo ficaria bem. que eu daria conta. que aquela relação seria mil vezes melhor se ficasse só na amizade sem ir mais além. se sair daquele trabalho que sugava iria abrir tantas outras portas adiante para que eu me descobrisse como uma pessoa para além da minha profissão. que tudo aconteceria magicamente em consonância com os meus sonhos, e que ninguém tinha acesso aos arquivos senão eu. há um propósito pra tudo e todas as coisas nos levam para esta direção. como um longo caminho em que não sabemos bem para onde estamos indo, existe uma orquestra totalmente organizada para fazer cada nota saber a hora de entrar. está escrito o que a gente escreve. o que busca. eu tenho desejos muito maiores que eu, alguns, eu não saberia nem definir em palavras de tão grandiosos e impalpáveis. em momentos me engasga a sensação de não poder pari-los de dentro de mim principalmente por não saber como, muito menos ter ferramentas necessárias para tanto. é como se sempre faltasse um empurrão. de alguém, do destino, de alguma força maior que me envolve. é como viver na horizontal imaginando a vertical. um caminho infinito de evolução mas que tudo se conecta conforme o tempo passa. eu me pressiono, imagino a vida sendo uma outra coisa além do que ela tem sido agora, mas ela não tem a capacidade de ser além do que é pelos simples falo de ela ser APENAS o que ela é. como ela é. e eu só devo uma coisa: gratidão. por cada coisa estar no seu lugar. por tudo que me trouxe, por tudo que ainda me levará. e é pra isso e por isso que eu escrevo sempre sobre as mesmas questão. pra fixar em mim de que não existe nada errado ou fora de roteiro acontecendo. minha vida inteira vai ser esse galgar de situações que levam às outras e eu sou a única pessoa que jamais poderá soltar da minha própria mão. confiar com tanta fé e ver o tempo passar, as portas se abrindo, e os caminhos levando... a viver tudo o que preciso viver. e isso nem sempre irá de encontro necessariamente ao que eu gostaria de ter. é muito óbvio. mas se parar pra pensar, as surpresas do que aparecem são sempre muito mais extraordinárias do que a gente imagina. e isso é o que faz a vida ser mágica.
BARROS, joyce gabriella. 01 de fevereiro de 2024.