10 de junho de 2011

Amor não se pede, é uma pena



[...] Ei, monstro do lixo, será que você pode me beijar como um beijo de final de filme porque eu estou aqui sem saliva, sem ar, sem vida com a sua presença? Definitivamente, não, melhor não. Amor não se pede, é uma pena. É uma pena correr com pulinhos enganados de felicidade e levar uma rasteira. É uma pena ter o coração inchado de amar sozinha, olhos inchados de amar sozinha. Um semblante altista de quem constrói sozinho sonhos. 

Mas você não pode, não, eu sei que dá vontade, mas não dá pra ligar pro desgraçado e dizer: ei, tô sofrendo aqui, vamos parar com essa estupidez de não me amar e vir logo resolver meu problema? Mas amor, minha querida, não se pede, dá raiva, eu sei. Raiva dele ter tirado o gosto do mousse de chocolate que você amava tanto. Raiva dele fazer você comer cinco mousses de chocolate seguidos pra ver se, em algum momento, o gosto volta. Raiva dele ter tirado as cores bonitas do mundo, a felicidade imensa em ver crianças sorrindo, a graça na bobeira de um cachorro querendo brincar. 

Ele roubou sua leveza mas, por alguma razão, você está vazia. Mas não dá, nem de brincadeira, pra você ligar pro cara e dizer: ei, a vida é curta pra sofrer, volta, volta, volta. Porque amor, meu amor, não se pede, é triste, eu sei bem. É triste ver o Sol e não vê-lo se irritar porque seus olhos são claros demais, são tristes as manhãs que prometem mais um dia sem ele, são tristes as noites que cumprem a promessa. 

É triste respirar sem sentir aquele cheiro que invade e você não olha de lado, aquele cheiro que acalma a busca. Aquele cheiro que dá vontade de transar pro resto da vida. É triste amar tanto e tanto amor não ter proveito. Tanto amor querendo fazer alguém feliz. Tanto amor querendo escrever uma história, mas só escrevendo este texto amargurado. É triste saber que falta alguma coisa e saber que não dá pra comprar, substituir, esquecer, implorar. É triste lembrar como eu ria com ele.
Mas amor, você sabe, amor não se pede. Amor se declara: sabe de uma coisa?
Ele sabe, ele sabe.

Tati Bernardi

Alone


Chegando em casa, após exaustivos passos de xaxado, vejo minha novela favorita. Triste desde cedo, as mágoas dominam meu coração. Estou mais sensível que nunca, qualquer motivo é suficiente para sentir-me prostrada. Não tenho ninguém, me sinto absolutamente só. Uma dose nesse momento, é minha mais perfeita companhia, até o seu gosto amargo adocica minha vida e me faz esquecer dos problemas nem que seja por um momento... Mas logo que volto a lembrar, fico triste novamente, com vontade estranha de desaparecer desse mundo. 

Já ouvi músicas tristes, com melodias deprimentes, daquelas que só com elas consigo chorar, só com elas consigo colocar pra fora tudo aquilo que sinto. Preciso de alguém para me ouvir, e nesse momento não há ninguém. Eu ando sem vontade para mais nada, e não sei mesmo porque eu estou me sentindo assim, mas de uma coisa eu sei, quando eu descobrir a fórmula da felicidade, prometo guardá-la com todo o meu amor possível, pois a ventura é uma coisa que se você demora a alcançá-la, ela pode escorrer pelas suas mãos em questão de  segundos, e talvez nunca mais volte.

J. Gabriella Barros