25 de abril de 2018

A vida é uma viagem

Sentar ao mar, mirando o pôr-do-sol mais incrível da vida. Poder desfrutar em dose cheia da melhor companhia: eu. Em um porto, para lembrar de que somos barcos e não um cais. Para lembrar também, que a vida é uma viagem, e nenhum destino tem volta. Porque quando regressamos, já não somos mais o mesmo que partiu. Com sua imensidão, o mundo só quer um mergulho com peito aberto e coragem. Assim vamos. Olhar pro céu, vê-lo mudar de cor, de azul gris pra um morado majestoso, embarcações movendo-se distante, vagamente, ao seu ritmo. Sentar, balançar os pés, respirar com calma e sentir a presença de existir no mundo. Exalar gratidão por dias, que embora poucos, tem sido tão incríveis. Gente que tem passado, como uma estrela cadente que desaparece depois de tanto brilho, e deixa um pouco de si, leva um pouco de nós.

Foto: Joyce Gabriella Barros | Baía de Santa Marta - Colômbia / 2018

Ah, Santa Marta, será que fui eu quem estava aberta demais pra receber pessoas tão estranhas e diferentes a me ajudar ou são vocês que tem essa amabilidade nata? Olhar pro céu e não ter um por cento que seja a reclamar de nada, absolutamente nada, é a melhor sensação que pode haver. Cambiar a vida, sentir o som do mar, meninos brincando de fundo, sonhos anoitecer. Pensar por um momento. Meter a mão no bolso. Encontrar dinheiro. O contentamento não vem daí, mas um lugar pequeno guarda grande gratidão. E de fundo, Bob Marley a dizer: "don't worry about a think, 'cause every little is gonna be alright", que sim, foi pra mim naquele momento, justo naquele momento, eu sei. 

Pra que se preocupar? Tudo sempre dá tão certo, tudo sempre caminha tão bem pro bem acontecer. No fim das contas tudo se encaixa, até as horas se ajeitam pra esperar o melhor. ¡Que rico é o viver! "Tão linda viajando solita por esse mundo", disse uma senhora para mim a caminho do terminal enquanto conversávamos sobre meus itinerários. Linda, sim, e feliz por estar escancarando o coração pro desconhecido cada vez mais sem pensar além das efemeridades. 

BARROS, Joyce Gabriella. 
Santa Marta, Magdalena. Colômbia - Abril/2018.

24 de abril de 2018

Global Volunteer e a revolução da infância @ AIESEC Brasil


Só quem passa duas horas por dia pra chegar no trabalho e mais duas pra voltar em uma cidade de 1.775 km², sabe. Eu tô falando da Colômbia. Eu tô falando de Bogotá. Não trata-se do percurso em si, mas basicamente de uma série de fatores, que entre tantos, envolve demasiados "trancones" no trânsito, se assim for plausível de entendimento.

Às vezes um sorriso muda tudo. Ou quase sempre. Um quase choro de tristeza, de alegria, ou de algo que você não sabe bem o quê. É difícil entender um coração, mais ainda de uma criança, e mais, mais ainda, de uma criança com um idioma materno diferente do seu. Será que somos capazes de escutar tudo o que falam? Seus rumores, suas manhas, ou táticas pra chamar um pouquinho mais de atenção? Faz parte entregar os ouvidos, abrir as emoções para receber de pronto tudo o que eles têm pra nos ensinar. Toda essa experiência com pequenas grandes pessoas me faz enxergar o quão ainda temos pra aprender, pra alcançar, pra libertar, visto que, mais do que nunca, são eles o futuro, e nós também, claro. Mas estamos em uma construção mais avançada, mesmo perdidos, sabemos pra onde ir, ou não. Somos uma espécie de guia para eles, razão pela qual sua ternura muitas vezes se perde nos cinzentos ares de um simples "não". Nãos esses, que muitas vezes aprisiona, e cria um emparedado de tijolos à sua frente, banindo toda criatividade e possibilidade de gritar ao mundo anseios, que, os maiores muitas vezes julgam como desnecessários, ou não tem ouvidos suficientes para tanto. 

Revolução é a palavra. É abrir os limites das asas e deixar que sonhem, e mais que tudo, lhes instruir a isto, ser asa, ao invés de raiz. É ser chão, quando necessário, todavia. Nem sempre é fácil, porque alguns já vem com a barreira de berço, desde a hora em que mesmo não sendo uma decisão própria, vieram a conhecer o mundo. 

Que sejamos luz e assim deixemos cavado cada espaço em branco em que muitas vezes não sabemos o que dizer a uma pergunta tão inocente quanto sua essência. Que sigamos sabendo disseminar o amor na sua razão mais pura, sempre interligando ao ato de fazer algo bom pelo outro e acrescente ao menos um pouco naquilo que ele é de verdade. Que saibamos deixar nossa marca, nunca esquecendo o que fazer para deixar nossos pedaços mais importantes, e acima de tudo, sabendo compartilhar um pouco do brilho nos olhos tão puros de cada um, também.

Foto: Joyce Gabriella Barros at Fundación Jesús el Buen Pastor | Bogotá - Colômbia 2018

BARROS, Joyce Gabriella Barros.
Bogotá - Colômbia, Abril/2018.