4 de julho de 2013

Ardiloso, vou-me embora...

Às vezes, o coração encontra-se tão cheio, que faz-se necessário que os sentimentos contidos no mesmo extrapolem, e quando isso acontece, a gente exala poesia até pelas cavidades nasais. A paisagem ajuda, o clima contribui e os pássaros eclodem até mesmo da terra, conspirando para acalentar palavras doces presas do lado de dentro. Não sei dizer se é bom ou ruim, só sei que foi, é, e sempre será assim.


Eu quero paz
Mas não tenho
Não posso ter
Teu riso tem me perturbado dia e noite

Tu tens um jeito ardiloso de encaixar as palavras no lugar
Subornou meu coração
E mesmo sem premeditar
Fez de tal modo que eu não consiga mais pensar n'outra coisa
[se não no teu cheiro, nos teus cabelos negros cor-de-macio

O pior é que me provocas
Alimentas um sentimento que nem sabes que existe
Mas não profiro
Pelo contrário
Apenas escondo
Conjeturando que tu adivinhes

Tentei sabotar meus pensamentos
Não tem jeito
Tu tens me afetado de tal maneira
[que infelizmente, preto, tá difícil segurar

Desgraçada nostalgia
Nem pra isso controlar 
Fez de mim gato e sapato
Não consigo olvidar

É amargo não te ter
Não poder te reiterar
Sentir o veneno da tua boca que engana
E de tão doce
[chega a retrair o ar

Me maltrata, me anima e me ilude
Toda vez que chega perto pra cantar histórias de ninar

Não importa a circunstância
Se estais do lado, longe
[ou talvez dentro do peito
A marca que deixastes
Jamais passará
Apesar de te apetecer
Não há remorsos
Mas não aspiro mais ficar


(...)
(Joyce Gabriella Barros)