9 de janeiro de 2018

Dez

Hoje foi o retrato de um fato interessante. Merecedor de atenção, um foco nas coisas simples.

Fui à academia sem um objetivo comum, a única coisa que tinha em mente era o movimento do corpo, sem musculação nenhuma, apenas uma atividade aeróbico básica para liberar a endorfina que faltava e terminar um dia magnífico com um sono turbinado.

Mal sabia eu que aquele seria o começo de uma noite cheia de metáforas latentes. Só as pessoas muito conectadas e conscientes com o presente podem, de fato, enxergar o não palpável.

Ao chegar, me deparei com um lugar lotado de pessoas, transitando para todos os lados, por onde se olhasse via-se alguém. E eu, sem vontade de papo furado, evitando quaisquer tipo de troca, principalmente de olhares em minha direção, sobretudo companhias descabíveis, comecei a correr.

Impossível não ouvir o falatório alheio e por um instante indagar: "o que faço aqui?"
Pensei em fugir, contudo, seria mais inteligente agir com indiferença e centrar tudo o que eu podia pro lado de dentro. Transpus foco total para aquela atividade e logo comecei a estabelecer objetivos para aquela tarefa. Algo como: quero superar meus limites, hoje. APENAS HOJE.

Meu recorde pessoal atual era de conseguir correr 2 km em 12 minutos e alguns segundos.
Posso dizer que o foco me permitiu realizar a mesma distância em 11 minutos praticamente redondos. quase fechados. Senti um gás incrível. Não para parar, mas sim, fazer daquele momento mais uma superação.

Não contente, corri mais 1km. Totalizando 3km em 14 minutos. E ao olhar ligeiramente para o lado, notei eu estava há 15 minutos da pessoa que se encontrava ali. Como assim? Tínhamos praticamente a mesma distância, mas haviam 15 minutos de diferença de tempo, devido à minha alta velocidade. Isso me despertou mais um objetivo.

Eu queria chegar nos 5km em 20 minutos. A missão era bater aquela meta em mais 4 minutos disponíveis  e meu corpo se encontrava exausto. Todavia, não cedi. Por um segundo o tempo parecia ter parado e eu, embora autoconfiante, pensei que perderia as forças e simplesmente fosse trapaceada pelas minhas próprias pernas. Mas ao ver o tempo passar e os meus dedos frenéticos aumentando a velocidade, decidi simplesmente ser, ir, voar. E corri. Corri com a maior garra que pude. Dei tudo de mim. Respirei fundo e fui. Resultado: 5km em 19 minutos e alguma coisa.

Mas quem disse que era suficiente? Ao constatar a diferença de tempo versus. distância de mim e da pessoa ao lado, mais um objetivo fora imposto: ultrapassa-la. E consegui. Por 1km ultrapassei-a, e iniciara ali uma disputa. Eu percebi os olhares de relance pro meu marcador enquanto eu olhava o dela. Aquilo me motivava. Aquilo a motivava. Estávamos competindo inconscientemente, o que podemos chamar de ressonância dinâmica¹. Quando dei por mim, encontrava-mo-nos implacáveis, tentando exceder a distância a qualquer custo. Então, a pessoa diminuiu a velocidade. Logo em seguida, eu. Limites. Ao verificar seu marcador, percebi que havíamos ajustado as velocidades para um mesmo ritmo: 10.1, em exato. Como isso se explica? Troca de energia! Os nossos osciladores² definitivamente estavam trabalhando ali. Sem sombra de dúvidas. A frequência de superação havia crescido, e pôde ser comprovada nesse momento, por um longo tempo.

Logo resolvi aproveitar a corrida tranquilamente, só que no fundo, não admitiria ser a primeira a desistir, e não fui. Aos quase 65 minutos, (dentre várias alternâncias de velocidade) cheguei aos 10km. Tirando o fato de ter parado por aproximadamente 6 minutos e para fazer 1.2km na bicicleta ergométrica.

Foi indescritível.
Libertador.
Me senti viva.
Podia sentir meu corpo vibrante,
minha alma,
podia me sentir de verdade, a fundo.

E fui embora realizada dali. Sentindo o frescor daquela noite escura, e com vontade de ir até a sacada do prédio apreciar as estrelas. Mesmo sabendo que era um dia nublado, podia ter a certeza que elas estavam lá, olhando por mim.

E se eu contar, você vai acreditar?
Bem, nevermind.

Enquanto eu estava sendo grata pelas minhas sensações inefáveis, pude avistar algo no céu. Por um instante imaginei o que pudesse ser um ovni (objeto voador não identificado), pelo irradiante brilho intenso (me arrepio só de lembrar). Pela luminosidade da ~coisa~ fiquei sem saber de que se tratava. A clareza de sua forma vinha ao passo que chegava cada vez mais na altura da minha visão acima da minha cabeça.

Sei que isso deve despertar curiosidade. Se tratava, meramente, de um conjunto de pássaros altamente brancos, que tornaram-se LUMINOSOS em meio àquela negra imensidão. Eu não sei de onde vinha aquela inexplicável luz, mas de uma coisa eu tinha certeza: não era coisa da minha cabeça. Incrivelmente pareciam uma apresentação holográfica no céu. Um conjunto de projeção cinematográfica onde o céu era a grande tela, e eu, a telespectadora do mais esplendoroso espetáculo.

Não pude delimitar sua volumetria, mas foi uma velocidade suficiente para que eu pudesse contá-los ao passo que apreciava seu belo voo em equipe.
Eram 10 pássaros.

Sim, DEZ PÁSSAROS.
Estavam acima do céu voando e na poeira das estrelas, desapareceram.

Não sei de onde vieram e nem para onde foram, mas eles me trouxeram um significado de grande valia. O número 10 enraizou em meu ser de uma forma na qual essa noite se tornará marcante para todo o sempre.

10 é a representação do absoluto. Da excelência. Da eficácia. A materialização da realização. O número 11, não é permitido e o 9,5 não é aceito. Mas 10! Nível 10 é tudo aquilo que deve constar na busca para atingir a nossa melhor versão de si mesmo. Uma pessoa 10 vive a verdadeira definição de uma vida extraordinária, sendo assim, um ser humano extraordinário. Voa além dos seus limites, superando-os em busca do próximo nível. 10.

E é isso.
A última coisa: Hoje é dia 08/01/18.
18-08 = 10! Janeiro = 01 = ordem inversa: 10!

Coincidência?
Não.
Conexão.

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BARROS, Joyce Gabriella.

¹ressonância dinâmica: humor de um exercendo impacto sobre o outro.
²osciladores: coordenam as pessoas fisicamente regulando como seus corpos se movem juntos.