28 de agosto de 2015

A lacônica existência que coloriu meu dia

Hoje mais cedo, me deparei com um ser a minha frente, e ao pôr meus olhos nele, ouço na mente: "É preciso que eu suporte duas ou três larvas se quiser conhecer as borboletas. Dizem que são tão belas."* Aquilo me soou tão magnífico, que minha primeira reação foi fitar os olhos com ar de encanto, e perguntar-me o que a mesma fazia ali, tão sozinha... apressadamente, cedi um apêndice para que retornasse, não a seu habitat, mas para algum porto que a mantivesse viva, oxigenada, saciada.


Acostei-a na árvore mais próxima, passando a enxergar a sua beleza inexplicável como nunca havia percebido em uma outra. As cores, inigualáveis, tons de azul turquesa, o alaranjado penetrante e o vermelho enérgico a cada vez que os segmentos do seu corpo cilíndrico se moviam em direção à luz, o abrir e fechar dos seus anéis lentamente se esvaindo em meio aquele mundo extraordinário demais para viver permeando a escuridão, a articulação das suas pernas, dignas de confiança da sua visão inerte, que a levariam a um lugar qualquer, que não fosse o de origem. A árvore não era o seu lugar, cada subida estava diante de um consequente declive, e por medo de alguém vê-la e contundi-la, encaminhei-a às pedras, plantas, flores, longe daqui. Mal sabia eu, que a lagarta estava em busca do seu fado, que eu interrompera naquela manhã, insistente, resultando a travessia de retorno na morte impetuosa atravancando sua missão de advertir algo que não sei o quê, indo embora, antes do bater das asas.

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*Le Petit Prince, capítulo IX; Antoine de Saint-Exupéry.

15 de julho de 2015

O conjunto de toda uma obra...


Foto: Joyce Gabriella Barros
      Existe um poço profundo de carinho nos teus olhos, que mexe com os meus sonhos, e teu coração, lindo, parece que foi mergulhado em toda a doçura que existe no universo inteiro. É indefinido, mas o modo no qual nossos pensamentos conversam soa anormal e parece não sentir nada que se sujeite a uma análise comparativa... Quando eu falo que você é lindo, estou fugindo da estética do palpável. Eu cito os atributos do além, do sem porquê ou razão. É teu jeito. Teu modo de falar, se expressar, ou de simplesmente fazer manha quando está vivendo aqueles dias dengosos em que o único desejo é ficar encolhido na cama sentindo o frio de uma noite qualquer. 
     O sentimento que fica vai além de palavras, está mixado à fraternidade, e a alegria imensurável que eu sinto ao te ver. Sem querer resumir ou credenciar, você tem sido tanto, na presença e na ausência, o conjunto de um todo que eu recebi de presente futuro.
Joyce Gabriella Barros.